Se as paredes da Sociedade Harmonia Lyra pudessem falar e ouvir, provavelmente ficariam em êxtase ao escutar novamente um som que um dia já fez parte de sua rotina. Desde a semana passada, dentro da estrutura erguida há 85 anos no Centro de Joinville, há vozes de uma soprano, um barítono e um tenor, acompanhados pelo som de um piano. Eles ensaiam para a ópera La Traviata, que será apresentada no teatro da Harmonia Lyra em 31 de maio e 1º de junho.

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O maestro italiano Alessandro Sangiorgi foi o convidado para fazer a preparação musical do espetáculo. Ele recorda a última vez em que a ópera esteve em Joinville, já que também era o maestro responsável – não foi na Lyra, mas em uma apresentação no Centreventos Cau Hansen, em 2003.

De qualquer forma, o espetáculo La Bohème era formado por cantores líricos de outras regiões e pela Orquestra Sinfônica do Paraná, quer dizer, não era uma produção local, como costumavam ser aquelas apresentadas no palco da Harmonia Lyra na época de sua inauguração, nos anos 1930.

– Esperamos que desperte a consideração do poder público sobre este lugar, que é uma ilha dentro da cidade – comenta Sangiorgi – Já apresentamos no Centreventos, mas não é o ideal: a infraestrutura que há aqui não achei em nenhum outro local de Joinville.

O joinvilense Douglas Hahn e os florianopolitanos Alicia Cupani e Thompson Magalhães serão as estrelas de La Traviata. A versão apresentada em Joinville será compacta, com quatros atos adaptados em dois. Dessa forma, o romance entre a cortesã Violetta e o burguês Alfredo Germont, impedido pelo pai do jovem, Giorgio Vermont, é contada a partir dos três protagonistas, sem a presença de coadjuvantes e figurantes.

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– Esse tipo de versão é feita frequentemente, porque fazer uma ópera completa é muito caro. Assim, corta-se as cenas com os grandes conjuntos, sem prejudicar a obra musicalmente e dramaturgicamente – afirma o maestro, ressaltando que a produção de uma obra completa não custaria menos que R$ 250 mil.

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Na versão integral, também seria necessário uma orquestra e um coro. No caso da versão apresentada em Joinville, é o pianista Matheus Alborgheti quem assume o instrumento musical que acompanha os atores, enquanto o ator Sérgio Bellozupko narrará partes da história, interligando os momentos. Sangiorgi acredita que as apresentações atrairão um bom público e, quem sabe, incentivarão a produção de uma ópera completa em Joinville no futuro.

– A ópera é o gênero mais “pop” da música erudita e os brasileiros tem muita curiosidade para conhecê-la. Nas apresentações na Europa, o público costuma ter 70 anos, enquanto, no Brasil, a média de idade não passa dos 40 anos – avalia.

O presidente da Sociedade Harmonia Lyra, Álvaro Calduro, afirma que a intenção é que a Ópera de Bolso, que terá início com La Traviata, torne-se um evento semestral. Além disso, a produção de um espetáculo integral também está nos planos. Os ingressos para as apresentações de 31 de maio e 1º de junho devem estar disponíveis a partir da penúltima semana de maio, e poderão ser trocados por três quilos de alimentos não perecíveis, que serão doados para o Lar Abdon Batista.

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