A ONG espanhola “Proactiva Open Arms” levou neste sábado (21) para a Espanha uma migrante que se salvou de um naufrágio e dois cadáveres, e anunciou que processará a Guarda Costeira da Líbia por abandonar os migrantes em alto-mar.
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“Muito indignados, mais uma vez denunciamos as políticas no Mediterrâneo central, não apenas por um governo, mas por vários. As dificuldades que tivemos para salvar uma única vida, é incrível”, afirmou o diretor da ONG Óscar Camps em entrevista coletiva em Palma de Maiorca, porto das Ilhas Baleares onde os dois barcos da organização chegaram pela manhã.
O “Open Arms”, acompanhado pelo veleiro “Astral”, transportava os corpos de uma mulher e criança recuperados na terça-feira em águas líbias, além de uma sobrevivente do naufrágio, uma camaronesa de 40 anos chamada Josepha, encontrado em estado de hipotermia pelos socorristas, e que é atendido pela Cruz Vermelha espanhola.
Os membros da ONG foram ao tribunal de Palma, capital do arquipélago, para apresentar uma denúncia por não dar ajuda a uma pessoa em perigo.
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“Denunciamos no tribunal de Palma o capitão do ‘Triades’ por omissão de socorro e homicídio culposo. Também faremos isso com o capitão da patrulha líbia que é membro da Guarda Costeira da Líbia por omissão de socorro e homicídio”, acrescentou o diretor da ONG.
A ONG também planeja apresentar uma ação contra a Guarda Costeira italiana e espera que o tribunal espanhol da Audiência Nacional, encarregado de assuntos mais complexos, assuma a investigação.
Também pede à Promotoria que “proteja a senhora Josepha, porque ela é a única sobrevivente”, acrescentou Camps, que disse estar “chocado”.
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A ONG afirma que a Guarda Costeira da Líbia abandonou à própria sorte as duas mulheres e a criança ao seu destino, após terem resgatado os outros migrantes que estavam a bordo.
A embarcação tinha marcas de facadas dos socorristas líbios, que destruíram os botes para que não voltassem a ser usados.
Os líbios disseram que resgataram 165 migrantes de um barco na mesma área na noite de segunda para terça-feira, mas negam ter deixado alguém na embarcação.
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Os membros da operação do “Open Armas” criticaram fortemente as autoridades italianas.
O objetivo do “governo italiano, com o silêncio cúmplice da Europa, é financiar milícias, traficantes, gangues criminosas que se organizaram no que chama de Guarda Costeira líbia”, afirmou o deputado italiano Erasmo Palazzotto, do partido de esquerda “Liberi e Uguali”.
Em março, o “Open Arms” ficou confiscado por um mês na Sicília sob acusações de ajuda à imigração clandestina.
Seu capitão, Marc Reig, indicou que o barco retornará ao mar da Líbia quando possível para continuar a sua missão, talvez “a partir de domingo”.
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* AFP