Ao se confirmar a gravidez do segundo filho, não raro, surgem dúvidas. Como será ter uma família maior? Como ajustar o orçamento? A resposta certa é planejar o futuro, que já começou.
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Foi o que aconteceu na família de Cíntia Jardim, 37 anos, que sempre quis dar um irmão para Mateus, 10 anos.
– Não era o melhor momento para engravidar, estava voltando ao mercado de trabalho e queria esperar mais um pouco. Mesmo assim, foi uma notícia muito comemorada – conta Cíntia.
Ela e o marido logo conversaram com Mateus sobre a chegada do irmão.
– Já pensou que legal teres um maninho? – perguntavam os pais do menino.
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E Mateus largou:
– São dois, mamãe – disse o menino.
Cíntia conta que na hora riu, nervosa, imaginava apenas um bebê. Mas Mateus estava certo. Quando foram ouvir os batimentos cardíacos do bebê, na primeira ecografia, lá estavam dois embriões.
– Mateus saiu gritando: eu acertei, eu acertei – conta Cíntia, que deu à luz, há cinco anos, as gêmeas Alice e Helena.
Quando recebeu a notícia, Cíntia passou uma semana em choque. Mas logo começou a se reorganizar, a planejar a vida dali para a frente. Ao mesmo tempo que refletia sobre ter mais dois bebês, começou a procurar um apartamento mais amplo, um carro maior, a pensar no enxoval:
– Nessas horas, tu tens de encarar de frente, agir. Tivemos sorte que o Mateus compreendeu situação.
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A experiência de ter o segundo filho costuma ser diferente da do primeiro. Pode, inclusive, ser mais positiva. De acordo com a psicóloga Fernanda Barcellos Serralta, o primeiro bebê traz uma alteração tão grande na vida de uma mulher que ela praticamente muda de identidade.
– É um período de muitas angústias e fantasias. A inexperiência pode tornar o processo um pouco mais complicado. Quando a mulher engravida novamente, já conhece o processo e ele tende a ser mais tranquilo. Temos medo do que nos é desconhecido – diz Fernanda.
O ginecologista e obstetra, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) José Geraldo Lopes Ramos conta que até a década de 90 acreditava-se que a mulher deveria esperar, no mínimo, dois anos para engravidar novamente. Hoje, não existe mais uma regra.
– Do ponto de vista clínico, a segunda gestação é muito mais tranquila do que a primeira, quando a mulher possui muito mais chances de contrair doenças hipertensivas, infecção urinária, diabetes, por exemplo. Se ela tem 15% de chances de ter essas doenças na primeira gestação, na segunda cai pra 5%, pois o organismo materno tem menos reações contrárias à placenta. É como se tivesse tomado uma vacina – explica o médico.
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Dicas para preparar a chegada do segundo filho
:: Comunique a gestação incluindo e valorizando o primeiro filho: por exemplo, que papai e mamãe estão tão felizes com a maternidade/paternidade que decidiram ter um outro bebê;
:: Inclua o filho em alguns preparativos: por exemplo, auxiliando a escolher um presente, roupinhas, sugestão de nome;
:: Valorize as conquistas e aprendizagens do primogênito sem deixar de reconhecer sua dependência e necessidade de afeto e atenção;
:: Aceite como naturais eventuais manifestações precoces de ciúmes. Nesse caso, compreender é melhor do que repreender. Assegure que seu lugar na família não será “roubado”;
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:: Responda de modo simples e sincero às perguntas da criança sobre a gestação e o nascimento. Não evite o assunto. Também não dê informações que vão muito além do que foi perguntado;
:: Explique de modo que a criança possa entender o que vai ocorrer quando se aproximar a hora do parto e como serão os primeiros dias;
:: Valorize iniciativas de aproximação com o bebê, mas respeite o ritmo dessa aproximação;
:: Evite sobrecarregar o filho mais velho com novas demandas, por exemplo: agora que tu és o mais velho, tens de te comportar melhor;
:: Após o nascimento, evite comparações entre irmãos. Deixe claro que você aceita e valoriza cada um do seu jeito;
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:: Procure não fazer grandes mudanças na rotina do seu filho;
:: Reserve algum tempo para ficar a sós com o filho mais velho para conversar, passear, brincar ou contar histórias.
Fonte: psicóloga Fernanda Barcellos Serralta