Quem mora em Joinville há mais de uma década deve lembrar de uma história que emocionou os joinvilenses no Réveillon de 2002. Uma menina, com cerca de 20 dias de vida, foi abandonada no presépio montado no altar da Catedral, no Centro da cidade. Ela foi encontrada pela mulher que trabalhava na limpeza da igreja, em meio à serragem que fazia parte da decoração e estava próxima à manjedoura.

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SAIBA MAIS: clique aqui e releia a matéria do dia em que Yasmin foi encontrada

O que pouca gente tem conhecimento é de que Odina Martins, a mulher que foi surpreendida pelo choro de uma criança de verdade vindo do presépio na manhã de 31 de dezembro de 2001, acabou se tornando madrinha da criança, que hoje tem 11 anos.

E como não se sabe ao certo o dia em que Yasmin da Costa Marques nasceu, ela comemora o aniversário justamente no dia 31 de dezembro, uma data carregada de significado e lembranças. O pai de Yasmin, Célio Antônio Marques, ficou sabendo do abandono da filha por meio de amigos, que viram a história no jornal. Ele conseguiu reaver a guarda da menina na Justiça, e nunca escondeu da garota a verdade.

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– Inclusive, guardei os recortes do jornal como provas, para que ela pudesse saber de toda a história – conta.

Da mesma forma, Yasmin também nunca escondeu dos colegas o seu passado, mesmo que alguns momentos sejam tristes de relembrar. Célio conta que a mãe da menina, que na época tinha 18 anos, disse que se arrependeu e chegou a voltar para casa, com o consentimento da Justiça, para criar Yasmin.

– Na época, disseram que ela teve uma depressão pós-parto e chegaram a oferecer tratamento, mas ela nunca foi se tratar – lembra Célio.

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Pouco mais de um mês depois, a mulher foi embora da casa onde morava com Célio na localidade de Porto Grande, em Araquari, deixando para trás a pequena Yasmin e a irmã, Tamires, que hoje tem 12 anos.

As meninas cresceram sem conhecer a mãe, mas encontraram nas madrinhas as figuras maternas que procuravam. Porém, nunca desistiram da ideia de voltar a ter contato com a mãe. Yasmin diz que sonha um dia encontrar a mãe, principalmente para poder conhecer a irmã mais velha, uma filha que seria fruto de um relacionamento anterior a Célio e que hoje teria cerca de 15 anos.

– Gostaria de conhecer minha irmã e também queria poder perguntar para a minha mãe por que ela me abandonou – diz a menina.

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O pai conta que procura amenizar os momentos de revolta da filha, pelo fato de ter sido abandonada, mostrando a ela casos de outras crianças que passaram por problemas semelhantes.

– No próprio Lar Abdon Batista, onde ela ficou depois que foi encontrada, enquanto eu lutava pela guarda dela, havia muitas crianças que foram rejeitadas. Tento mostrar que ela teve sorte de ser encontrada com saúde e ter voltado para a família – explica. ?

Célio criou as filhas sozinho

Célio Antônio Marques trabalha como pedreiro e diz que não é fácil criar as filhas sozinho.

– Tem horas que uma mãe faz muita falta, principalmente agora, que elas estão crescendo. Tem vezes que peço a ajuda da madrinha e das vizinhas para tratar de assuntos que são de mulher para mulher – conta.

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Agora, ele terá também o apoio da madrinha de Yasmin, Odina Martins. Ela explica que por morar longe da casa da menina ficou cerca de quatro anos sem ver a afilhada. Mas, este ano, resolveu reencontrá-la para estreitar os laços. Odina sente que Yasmin é um pouco sua filha, e por muito pouco, de fato, ela não adotou a menina.

– Meu primeiro impulso, na época, foi pegar aquela bebezinha para mim, levar para casa e depois registrá-la como minha filha. Mas mostrei para o padre, que disse que eu não poderia fazer isso e que tínhamos que chamar a polícia – lembra.

E ela não foi a única. Na época, muitos casais se ofereceram para ficar com a pequena. De qualquer forma, Odina não sossegou até se certificar de que tudo ocorreria bem para aquela menina que apareceu em sua vida de maneira tão inesperada.

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– Quando ela foi para o lar, fui lá visitá-la. Depois, fiz questão de ajudar a família, e acabei honrada com o convite para batizá-la – afirma a madrinha, que agora que reencontrou Yasmin, pretende ser mais presente na vida da menina.

Para ela, a garota foi um presente divino. A menina também não se cansa de agradecer à madrinha que a encontrou no presépio. Ambas sentem que foram abençoadas e aquele momento as uniu para sempre.