As Nações Unidas tentarão dar um novo impulso a partir desta quinta-feira, em Viena, às negociações de paz na Síria, onde a violência continua fazendo estragos depois de sete anos de uma guerra que matou mais de 340.000 pessoas.

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Um mês depois de uma reunião infrutífera em Genebra, a oitava, as delegações do regime e da oposição se encontram durante dois dias na sede da ONU na capital austríaca no que constitui “a última esperança de paz”, segundo o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian.

Nas conversas anteriores, as diferentes partes não chegaram sequer a falar entre si.

A principal questão que bloqueia o processo é o futuro do presidente sírio Bashar Al Assad, cujas forças dominam a situação no terreno desde que a Rússia iniciou seu apoio em 2015.

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Representantes do governo Assad rejeitam se reunir diretamente com a oposição até que deixem de lado sua exigência de que o presidente sírio abandone o poder.

Uma porta-voz da ONU disse que a delegação do governo sírio deve se reunir nesta quinta com o enviado da ONU Staffan de Mistura.

O principal grupo opositor, o Comitê de Negociações Sírias (CNS), afirmou, por sua parte, que realizará conversações em separado durante a tarde.

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De Mistura disse na quarta que as negociações em Viena, nas quais participariam delegações completas, da oposição e do governo, chegavam a um “momento muito crítico”.

Para Nasr Al Hariri, do CNS, estes dois dias significam “uma autêntica prova para todas as partes”.

– Combates como pano de fundo –

A reunião de Viena acontece enquanto são realizadas várias ofensivas militares no terreno, uma dirigida pela Turquia contra a cidade a Afrin, em mãos curdas, e outra do regime contra os rebeldes na província de Idlib e Guta Oriental.

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Jean-Yves Le Drian insistiu que “a situação de degradação humanitária é considerável na Síria, tanto na zona de Afrin como na zona de Idlib e na zona de Guta Oriental, com outros participantes e o regime que cercam as forças de oposição”.

A intervenção da Turquia em Afrin gerou tensões entre Ancara e Washington, que presou apoio às milícias curdas em sua batalha contra o grupo Estado Islâmico.

O presidente americano Donald Trump pediu na quarta-feira a seu colega turco Recep Tayyip Erdogan que reduza suas ações militares na Síria.

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Erdogan insistiu, no entanto, que sua ofensiva é uma medida de segurança nacional, já que os combatentes curdos do YPG (Unidades de Proteção do Povo) contra os quais está lutando são considerados por Ancara como o braço sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Estas conversações em Viena começam poucos dias antes do Congresso Inter-sírio, organizado em Sochi, Rússia, por iniciativa de Moscou e Teerã, aliados do regime de Damasco, e Ancara, que apoia os rebeldes. Estão convidados a participar todos os principais atores regionais e internacionais, incluindo os curdos, apesar da reticência da Turquia.

Frente a preocupação de várias chancelarias ocidentais, o Kremlin assegurou que sua iniciativa não era para competir com o processo de Genebra e sim “buscava complementar de forma eficaz essa reunião com resultados concretos”.

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* AFP