A ONU vai iniciar novas negociações nesta quinta-feira (6) para tentar acabar com a “guerra suja” no Iêmen, um conflito marcado pela pior crise humanitária do mundo, cuja solução parece remota por causa da animosidade entre as partes envolvidas.

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Sinal da distância entre o governo iemenita, apoiado pela Arábia Saudita, e o rebeldes huthis xiitas, apoiados pelo Irã, é que não se prevê qualquer conversa cara a cara durante essa rodada em Genebra, salvo surpresa, durante essas discussões propostas pelo novo mediador da ONU, o britânico Martin Griffith. Ele está no cargo desde fevereiro.

As duas partes vão-se reunir pela primeira vez na mesma cidade, desde o fracasso, em agosto de 2016, de um processo de paz que durou 108 dias, sediado no Kuwait.

Uma minoria originária do norte do Iêmen que se queixava de ter sido marginalizada, os huthis tomaram vastos territórios a partir de 2014 e controlam a capital, Sanaa. E, embora as forças pró-governo tenham reconquistado algumas zonas do sul em 2015, desde então avançaram muito pouco.

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Segundo a ONU, três iemenitas em cada quatro precisam de ajuda, sobretudo, alimentar, e uma terceira epidemia de cólera ameaça a população.

Recentes ataques aéreos atribuídos à coalizão liderada pela Arábia Saudita ilustram a tragédia dos civis no conflito, com 66 crianças mortas apenas em agosto.

“Guerra suja”, admitiu um ministro dos Emirados Árabes Unidos, cujo país apoia as forças pró-governo na coalizão junto com Riad.

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“Não há guerra sem danos colaterais”, afirma um porta-voz militar saudita.

– ‘Crimes de guerra’ –

Especialistas da ONU concluíram, em 28 de agosto, que todas as partes teriam cometido “crimes de guerra”.

Apesar da intervenção da coalizão árabe desde 2015, os combatentes huthis mantêm com firmeza seus bastiões no norte e no oeste do Iêmen.

Frequentemente, disparam mísseis para a Arábia Saudita, que acusa o Irã – seu rival regional – de lhes fornecer armas, o que Teerã nega.

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Griffiths é o terceiro mediador no complexo conflito iemenita.

Em junho, os Emirados Árabes Unidos supervisionaram uma ofensiva de forças pró-governo para a estratégica cidade portuária de Hodeida (oeste), mas o assalto foi contido por medo de um banho de sangue.

Na segunda-feira, um ataque aéreo da coalizão abateu 38 combatentes huthis, segundo fontes médicas e de segurança. Os beligerantes se mantêm em suas posições.

A coalizão e seus protegidos iemenitas insistem na resolução 2216 do Conselho de Segurança da ONU, que reconhece “a legitimidade” do presidente Abd Rabo Mansur Hadi, exige a retirada dos huthis dos territórios conquistados e a restituição de armas pesadas.

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Segundo a ONU, desde março de 2015, pelo menos 6.660 civis morreram, e 10.500 ficaram feridos no Iêmen, “embora os números reais sejam maiores”.

* AFP