Três em cada quatro crianças e jovens migrantes são vítimas de abusos em sua tentativa de chegar à Europa através do Mediterrâneo central, segundo um relatório publicado nesta terça-feira por duas agências das Nações Unidas.
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“A dura realidade é que atualmente se tornou recorrente que as crianças que atravessam o Mediterrâneo sejam vítimas de abusos, de tráficos, de golpes e de discriminações”, afirmou em comunicado Afshan Khan, diretora da Unicef na Europa.
Na rota Mediterrâneo Central, 77% dos jovens migrantes mencionam “experiências diretas de abusos, de exploração e de práticas assimiláveis ao tráfico de seres humanos”, aponta o relatório da Unicef com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Ambas as agências da ONU ressaltam a presença de “milícias” e da “criminalidade” da Líbia, país por onde passa a rota do Mediterrâneo Central usada pelos migrantes principalmente a caminho da Itália.
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Os jovens pagam “entre 1.000 e 5.000 dólares” (entre 835 e 4.170 euros) em média por viagem e “frequentemente chegam endividados à Europa, o que os expõem a novos riscos”, apontam.
O relatório, baseado nos relatos de 22.000 migrantes, entre eles 11.000 crianças e jovens, explica que os abusos afetam mais os procedentes da África subsaariana devido provavelmente, entre outros motivos, ao racismo.
A Unicef e a OIM pedem às diferentes partes, tanto os países de origem como os de trânsito e de destino dos migrantes, que adotem medidas para proteger essas pessoas em situação vulnerável.
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“Os líderes da UE devem implementar soluções duradoras que incluam vias de migração seguras e legais, estabelecer corredores de proteção e buscar alternativas à detenção de crianças migrantes”, acrescentou Khan.
o relatório também pede que se combata “a xenofobia, o racismo e as discriminações” sofridas por “todos os migrantes e refugiados”.
* AFP