Mesmo sem ingressos para assistir aos jogos, um grupo de argentinos driblou a crise econômica que atinge o país e construiu uma verdadeira casa sobre rodas para viver de perto o clima da Copa do Mundo no Brasil. Os hermanos compraram, por 65 mil pesos (cerca de R$ 18 mil), um ônibus velho que será usado para a viagem às terras brasileiras. O projeto foi batizado de Mundial Andando.
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Em um ano de trabalho, o coletivo de 55 lugares, que já não circulava nas ruas há tempo – mas tem o motor em bom estado -, foi transformado em um motor home com 12 camas, uma sala com sofás e uma pequena cozinha.
Ônibus terá 12 camas, sala com sofás e uma pequena cozinha
Foto: Reprodução/Facebook
– Foi um trabalho de louco, parecia o Kosovo! Tivemos que fazer o revestimento, a montagem, a instalação do sistema elétrico e registrar o veículo – contou Juan Martín Alfieri, 32 anos, que trabalha na área de comunicação na cidade de Paraná, 460 quilômetros ao norte da capital Buenos Aires.
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– Somos “financeiramente incorretos” e precisávamos de um planejamento especial – brincou Alfieri.
O Brasil não será necessariamente o fim do caminho para o ônibus reformado.
– O delírio total seria colocá-lo num barco, desembarcar em Lisboa e rodar até Moscou para a Copa do Mundo de 2018, na Rússia – sonha o argentino.
Torcedores paagaram cerca de R$ 18 mil por um veículo velho
Foto: Reprodução/Facebook
Torcedor fanático do River Plate, o argentino fará a viagem junto com torcedores do rival Boca Juniors. as todos estarão unidos pela paixão pela seleção de Messi e companhia. O grupo, que tem 7,8 mil seguidores no Facebook, também conta com um motorista profissional, Luis, veterano da guerra das Malvinas. Eles devem deixar a Argentina em 7 de junho, para chegar a São Paulo a tempo para a partida de abertura da Copa, Brasil x Croácia, marcada para o dia 12. Em seguida, vão ao Rio de Janeiro, onde a seleção argentina estreia na competição contra a Bósnia, no dia 15, no Maracanã.
– Não deu para comprar ingressos pelo sistema de sorteio, já sabíamos que seria complicado. Não tem problema! Tentaremos conseguir ingressos lá, mas não queremos pagar 20 mil pesos (cerca de R$ 5,5 mil) que alguns cambistas vendem pela internet, isso é um abuso – reclamou.
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O grupo conseguiu o patrocínio de uma marca de cerveja, mas impôs “limites porque não queremos que ninguém se aproprie a nossa história”.
Identidade secreta para
evitar incômodos no trabalho
Ainda dentro do espírito “loucuras para ir ao Mundial”, outro torcedor também teve de apelar para estratégias inusitadas. Ariel, 23 anos, decidiu em agosto viajar ao Brasil para ver a Copa com três amigos, mas evita falar sobre o assunto publicamente “para evitar a inveja e as ondas negativas”. O jovem não quer revelar o sobrenome para não ser reconhecido no trabalho.
– Meu chefe só saberá em cima da hora, vou dizer que é um presente da minha família. É óbvio que é mentira, eu vou arcar com tudo mesmo – explicou.
Ariel e os amigos planejaram a viagem com muita antecedência e participaram da primeira fase de venda de ingressos, antes do sorteio da fase de grupos. Por causa disso, nenhum dos três ingressos que conseguiram terá a seleção argentina em campo.
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Os jovens assistirão a duas partidas no Castelão, em Fortaleza: Alemanha x Gana, em 21 de junho, e Grécia x Costa do Marfim, no dia 24.
– O menos vendido da Copa – brincou Ariel.
O terceiro jogo será o duelo Coreia do Sul x Bélgica, no dia 26, em São Paulo.
– Foi uma decepção não conseguir ingresso para ver a seleção argentina, mas queremos curtir o ambiente da Copa, participar da festa mundial do futebol – completou.