Everton Antônio Ribeiro, programador de 27 anos, participou de uma oficina no Ônibus Hacker no primeiro dia de Fórum Internacional Software Livre. Na quarta-feira, voltou para passar o dia em um dos assentos dianteiros do coletivo, com o computador e um painel de LED apoiados em uma mesa de madeira. A experiência é um retrato do projeto: um ônibus que circula pelo Brasil realizando oficinas e atraindo pessoas curiosas e cheias de vontade de trocar conhecimento:

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– Eu já conhecia a história do ônibus. Depois da oficina, passei a noite bolando umas ideias, e hoje (quinta-feira) voltei para colocá-las em prática – conta Everton.

Comprado no ano passado com dinheiro obtido em um site de financiamento coletivo (o Catarse.com, onde é possível criar “vaquinhas virtuais”), o Ônibus Hacker é ideia de um grupo chamado Transparência Hacker, que em sua versão online conta com mais de mil integrantes.

Desde que começou a circular, em uma viagem de São Paulo a Porto Alegre em janeiro deste ano para participar do Fórum Social Temático, o ônibus já participou de 12 eventos e transportou cerca de 120 pessoas. Dessa vez, trouxe 14 viajantes. A cada viagem, são escolhidas as oficinas que serão realizadas, de acordo com a proposta do lugar para onde vão. Nem todas as atividades têm ligação direta com computadores. Como se faz uma lei ou como é possível criar móveis reciclando materiais são exemplos de temas já explorados pelos participantes. Lívia Ascava, 28 anos, é formada em jornalismo e já embarcou em todas as edições. Ela explica o projeto:

– O ônibus funciona como um laboratório, é um processo hacker. Nas viagens, o pessoal vai conversando, se formam também as redes de afeto e de identificação. A viagem estimula essa convivência entre pessoas que têm experiências diferentes e que daqui a pouco decidem fazer um projeto juntos. Um grafiteiro e um programador podem sentar lado a lado e ter uma ideia que une as duas áreas.

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O painel de LED a que Everton se dedicava na tarde desta quinta-feira foi comprado como sucata e servia para anunciar alguma linha de ônibus em São Paulo. Agora, é um dos projetos do grupo: a ideia é facilitar o processo de criação de novas configurações do painel, para que ele possa exibir animações ou mesmo como um videogame. A função desta atividade se aplica ao próprio projeto do ônibus hacker: descobrir como juntar conhecimentos e experiências de um jeito novo, transformando todos aqueles que participam do processo.