Jovens e adultos com deficiência intelectual estão recebendo uma oportunidade de se qualificar para o mercado de trabalho em Florianópolis. Numa ONG no bairro Campeche, eles tocam uma horta orgânica, onde aprendem o trato com a terra, semeadura, rega e colheita. Posteriormente, tudo o que plantaram será vendido para restaurantes vegetarianos no sul da Ilha.

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O projeto é do Instituto Compassos, que está com vagas abertas e busca inserir na sociedade pessoas com transtornos cognitivos, como síndrome de down, esquizofrenia ou autismo. Pode parecer estranho para quem vê de fora, mas esse tipo de tratamento funciona há décadas na Europa e foi trazido de lá para a capital catarinense, há três meses, pela pedagoga curativa Daisy Buchele. A iniciativa inclusive conquistou um prêmio internacional recentemente.

— Estar ocioso agrava a deficiência deles, trata-se de um quadro de comorbidade. Eles precisam de atividades, de responsabilidades, se sentir parte do mundo. Todos ficaram muito tempo sem aprender nada. E aqui já estão pedindo até para serem alfabetizados.

Daisy não sabe de todos terão condições de aprender a ler e escrever, mas a evolução dos aprendizes na horta é notória. Um dos alunos é o Moisés, que até pouco tempo atrás passava o tempo como andarilho. Ele se recuperou e, na manhã de Sol desta segunda-feira (30), estava regando rúculas, alfaces e espinafres, que futuramente se tornarão parte do salário dele.

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Junto com Moisés, estavam trabalhando na horta nesta segunda a Ágata e o Gabriel. Eles fazem parte de um grupo de 20 alunos, no total. A formação dura três anos. A equipe possui profissionais da pedagogia social, agricultura biodinâmica, agroecologia e produção orgânica. Daisy espera que ao final desse período, eles estejam mais independentes e aptos a gerar renda. Entre os profissionais, está a monitora Sofia Bach, que passou um ano como voluntária na Irlanda numa comunidade Camphill, onde pessoas com deficiência intelectual desenvolvem atividades artesanais e agrícolas, tornando a comunidade quase que autossustentável.

— Morando lá a gente é obrigado a se colocar no lugar do outro. Desenvolvemos outros tipos de comunicação, e a gente volta com um olhar diferente de como tratá-los.

Iniciativa conquistou prêmio internacional

No ano passado, o Instituto Compassos, junto com mais 450 projetos ao redor do mundo, participou do Lush Spring Prize de regeneração social e ambiental, prêmio concedido pela empresa Lush de cosméticos feitos a mão e que combate os testes com animais. Dentre os 11 premiados, a ONG de Florianópolis foi a única na América Latina. A pedagoga Daisy recebeu o prêmio numa cerimônia em Londres.

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Entidade está com vagas abertas

Se você tem um familiar, um amigo ou conhece uma família que possa se beneficiar, o Instituto Compassos está com vagas abertas para a turma do segundo semestre de 2018. Quem estiver interessado pode entrar em contato através do e-mail institutocompassos05@gmail.com. As vagas são limitadas.

População também pode ajudar

Os custos para manter um aprendiz não são baixos. Cada aluno custa cerca de R$ 1 mil por mês. Por isso, em junho, o Instituto Compassos firmou um convênio com a Celesc para que a população possa contribuir com o projeto. Funciona por meio de doações pela conta de luz. Pessoas físicas podem doar diretamente à ONG a partir de R$ 1, e empresas, R$ 5. Esses valores vão abater no custo que as famílias têm por mês para manter os alunos no instituto. A qualquer momento, o doador pode suspender o débito. Para contribuir, entre em contato com a instituição, através dos telefones 3232-6188 e 99975-2613.