O tráfico de drogas que enriqueceu Romário Krehnke, um dos depoentes da CPI catarinense do Narcotráfico nos anos 2000, tem seus efeitos combatidos por uma organização não governamental (ONG) de Joinville que foi, à revelia do condenado, ajudada por ele. No bairro Itinga, na zona Sul, um dos imóveis de Krehnke expropriado pela Justiça abriga, desde outubro, a sede da Associação para Recuperação de Alcoólatras e Toxicômanos (Aprat) Opção de Vida.
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Também passou a funcionar na casa de dois andares, no mesmo mês, um centro de proteção a adolescentes dependentes químicos que faz parte do programa municipal Núcleo Socioterapêutico de Joinville (NSJ). A Aprat executa o projeto por meio de convênio. O imóvel foi cedido a ONG por cinco anos, com aval da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad).
Responsável pela decisão, que partiu de uma extensa investigação da Polícia Federal, o juiz João Marcos Buch, da 2a Vara Criminal de Joinville, conta que um dispositivo na lei antidrogas determina que bens retirados de condenados por tráfico podem ser usados para subsidiar o tratamento de dependentes. Ele indicou a Aprat ao Senad.
– O tratamento do usuário ajuda a descapitalizar o traficante -, diz ele.
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Mas a batalha não foi fácil, lembra a gerente administrativa da Aprat, Leocádia Riba. A ONG pleiteou o imóvel em 2007, mas teve de esperar o julgamento de dois recursos impetrados pela defesa de Krehnke. A segurança legal para que a ONG ocupasse o imóvel veio no início de 2011.
Cinco anos depois, a casa estava deteriorada – servia de abrigo para moradores de rua e usuários de drogas. Após uma reforma que custou cerca de R$ 150 mil a ONG e foi tocada por voluntários e residentes da comunidade terapêutica da Aprat em Pirabeiraba, as instalações do imóvel ficaram prontas para atender às necessidades dos adolescentes.
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