O MIMUS: Múltiplas Infâncias, Múltiplos Saberes, realizado de forma online e gratuita entre 6 e 10 de julho, apresenta filmes e debates sobre a infância e desenvolvimento das crianças pequenas entre povos indígenas, quilombolas, de terreiros – comunidades que vivenciam religiões de matriz africana, grupos rurais e espaços periféricos. O evento será transmitido pelo canal da ONG Usina da Imaginação, de Florianópolis, no YouTube. Ao longo da programação serão lançados documentários curtas-metragens da série Primeira Infância Indígena, com direção dos cineastas Rita da Silva e Kurt Shaw. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo site da ONG.
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No total são 15 convidados, entre eles profissionais referência e reconhecidos nacionalmente em suas áreas de atuação e inovadores no âmbito local. Participam nomes como André Baniwa (AM), escritor e liderança indígena do Alto Rio Negro; Priscila Obaci (SP), cofundadora da Capulanas Cia de Arte Negra e Umoja, que realiza criações cênicas com base na pesquisa das culturas de matrizes africanas; Joziléia Kaingang (SC), indígena Kaingang, antropóloga e pesquisadora; Elizete Antunes Ara’i (SC), liderança Guarani, com Licenciatura Intercultural Indígena pela UFSC; Christiane Rocha Ciovana Falcão (SE), consultora em políticas públicas de promoção da igualdade racial e de gênero; e Luciano Ramos (RJ), historiador com especialização em Políticas Públicas para a infância e experiência em educação em gênero e sexualidade.
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O objetivo do MIMUS, segundo a diretora do evento, Rita da Silva, é tanto abrir espaço para trocas sobre saberes locais relacionados ao desenvolvimento das crianças pequenas quanto ouvir a fala de diferentes grupos que historicamente não têm suas práticas de cuidados respeitadas e consideradas na construção de políticas públicas que impactam em suas próprias vidas.
– Os povos indígenas, por exemplo, reivindicam o diálogo para construção de programas e políticas públicas que respeitem ao seu modo de vida, como o cuidado com as crianças e o uso da terra, respeito ao modo de fazer parto, respeito a rituais sagrados do nascer e crescer, o uso da língua materna – ela explica. – A diversidade de práticas de cuidados para o desenvolvimento da primeira infância respeita um conhecimento milenar que deve ser visto como patrimônio cultural. Não podemos mais ignorar que esses povos têm muito a nos ensinar.
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Primeira Infância Indígena
Durante o evento, será lançada a série documental Primeira Infância Indígena, com direção de Rita da Silva e Kurt Shaw, realizada com os povos indígenas do Alto Rio Negro, na região amazônica. Os cinco filmes curtas-metragens trazem reflexões importantes sobre como os povos originários do Rio Negro pensam e atuam para o desenvolvimento da primeira infância.
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– Mostra a capacidade deles de desenvolver plenamente suas crianças, além de valorizar as práticas locais relacionadas à primeira infância – conta Rita da Silva, que é antropóloga.
– Um dia André Baniwa, líder do povo Baniwa, nos disse: “Pense numa criança de 3 a 4 anos que sabe diferenciar 19 tipos de mandiocas, remar canoa, nadar de um lado de um igarapé ao outro, sabe a diferença entre frutas venenosas e frutas boas e fala pelo menos quatro idiomas. E o Estado vem nos dizer que não somos capazes de desenvolver nossas crianças” – relata o filósofo Kurt Shaw. – Isso me marcou muito.
A série começou a ser produzida em 2015, quando Rita e Kurt entrevistaram mulheres de aldeias do rio Içana que tinham como tradição cantar cantigas de ninar para crianças. Em 2018 e 2019, já com a produção avançada, Rita, Kurt e uma equipe de produção e pesquisa indígena exibiram os filmes ainda não finalizados mais de 50 vezes em mostras em aldeias e espaços urbanos onde vivem famílias indígenas. O objetivo foi falar com os povos originários sobre as práticas de cuidados locais mais importantes e nesse processo, ampliar a contribuição deles na construção das narrativas.
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– Os filmes cresceram por conta da participação das pessoas que assistiram – conta Kurt. – Acrescentamos novas ideias, novas entrevistas e novas imagens depois.
No Alto Rio Negro, vivem 27 etnias que falam 22 línguas. Na série de documentários, cinco línguas estão presentes: baniwa, tukano, nheengatu, tuyuka e português. Todos os curtas são legendados em português.
MIMUS: Múltiplas Infâncias, Múltiplos Saberes
De 6 a 10 de julho
Evento gratuito e online, transmitido pelo YouTube