O impecável asfalto de pista simples é ladeado pela densa floresta do Parque Nacional do Harz. As ranhuras no chão para evitar derrapagens e as placas com desenhos de flocos de neve indicam que o clima nessa região pode ser mais frio do que aparenta.
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De repente, clarões às margens destacam plantações de cereais e contrastam com o cenário antes repleto de pinheiros: é Hasselfelde, no Centro-Norte da Alemanha. Foi nessa paisagem bucólica, em meio ao inverno germânico, que há 200 anos nasceu Hermann Bruno Otto Blumenau.
A cidade, que era um vilarejo dois séculos atrás, sofreu com ao menos três grandes incêndios – o último em 1834, durante a adolescência de Hermann Blumenau. Isso fez com que Hasselfelde fosse parcialmente destruída e, como consequência, pouco crescesse nos anos que viriam pela frente.
Só para se ter ideia, não há prédios no local até hoje e a maioria dos imóveis são mistos de madeira e alvenaria, diferente das casas ao estilo enxaimel que marcam a região do Harz.
Simples, o município tem economia voltada à agricultura e bastam alguns minutos na Breitestrasse – a principal rua – para ver quadriciclos andando para lá e para cá. É o principal meio de transporte para muitos habitantes da localidade.
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Hasselfelde tem apenas 2,3 mil habitantes, quatro vezes menos que a pacata Rio dos Cedros. E a comparação com o município do Médio Vale não acaba por aí: a cidadezinha alemã tem em seu interior uma barragem, a Hasselvorsperre, que atrai visitantes à procura de lazer ao ar livre.
É, também, um refúgio para quem quer sair do agito das grandes cidades, com caminhadas em panoramas que valorizam o ecoturismo. Nesse lugar, sossegado por essência, que em 26 de dezembro de 1819 veio ao mundo Hermann Blumenau, filho de Karl Friedrich Blumenau e Cristiane Kegel.
Pouco se sabe sobre a infância do garoto, mas foi nessa região que ele deu os primeiros passos e ali, também, foi onde começou os estudos.
O pequeno Blumenau frequentou a escola da comunidade a partir dos sete anos. O colégio, hoje, não existe mais e no lugar funciona um discreto asilo. Aos 10, o menino deixou pela primeira vez Hasselfelde para ficar sob a guarda do Pastor Götting, em preparação para o que os mais velhos chamavam de "ginásio".
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Ele se mudou para Shöppenstedt, a 60 quilômetros da terra natal, onde encontrou a segunda casa – tanto que mesmo anos depois de sair de lá, relembrava em cartas os bons momentos vividos. E também dos maus. Isso porque aos 12 anos, distante de casa, Hermann Blumenau teve uma doença que trouxe graves sequelas.
Os problemas enfrentados pelo jovem Hermann nunca foram bem explicados (não se sabe, por exemplo, qual doença teve) e fizeram com que ele voltasse a Hasselfelde em 1831. Por lá ficou até 1834, quando deixou novamente a casa em que nasceu e se mudou para Braunschweig, lugar onde encarou uma realidade muito diferente da pequena cidade natal. Isso porque a capital do ducado era, também, o centro intelectual, econômico e artístico da região.
Mas esse choque de culturas não abalou o jovem Blumenau.
Curiosidades sobre Hasselfelde
O primeiro registro de Hasselfelde é datado de 1043. O ano, inclusive, está estampado em uma placa ao lado da Igreja Luterana que é o principal ponto turístico da cidade. Além disso, a localidade ainda tem uma réplica de uma cidade do Velho Oeste norte-americano, construída em 2000. Lá, no Pullman City Harz, ocorrem apresentações que reúnem centenas de pessoas.
Podcast
Ouça o primeiro episódio do especial sobre Dr. Blumenau, veiculado na Atlântida FM:
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Onde fica Hasselfelde
A cidade de Hasselfelde, onde nasceu Hermann Blumenau, fica no distrito de Harz, na Saxônia-Anhalt, praticamente no Centro da Alemanha. Confira: