A campanha de 2018 revisitou a onda de protestos de 2013, com forte rejeição à velha política, e consolidou a entrada em cena do militante virtual. A avaliação é do jornalista Octavio Guedes, apresentador e comentarista da Globo News e editor do jornal Extra, em entrevista ao Notícia na Manhã desta quarta-feira na CBN Diário.
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– Essa eleição trouxe uma figura nova: o militante virtual. Conhecíamos o militante que ia para as ruas de bandeira, distribuía santinho. A campanha do Bolsonaro vem forte na Internet, principalmente, e essa onda de 2013, anticorrupção, contra a velha política, encontrou no Bolsonaro um representante. Ele conseguiu se colocar como alguém que atendia a expectativa das ruas em 2013. Bolsonaro está longe de ser um outsider, mas usa o fato de estar há muito tempo na política sem escândalo de corrupção, sem condenação, a seu favor.
Guedes espera uma campanha mais propositiva no segundo turno. No primeiro, dois fatores esvaziaram o debate de ideias:
– Primeiro, foi a indefinição a candidatura de Lula. Todos caíram na armadilha, virou o foco da discussão. Depois, a tentativa de assassinato do candidato Jair Bolsonaro, lamentável episódio contra a democracia. Minha é esperança é que agora, com dois candidatos, se possa debater e apresentar pontos fortes e fracos de cada candidato.
O jornalista também comentou surpresas nas eleições estaduais, como a chegada de Comandante Moisés ao segundo turno em Santa Catarina.
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– Aqui no Rio de Janeiro, a gente costuma dizer que é a prévia do Brasil, para o bem ou para o mal. As coisas acontecem no Rio e vão se espalhando. Em 2014, na eleição para prefeito, o vereador Flávio Bolsonaro se candidatou a prefeito, e as pesquisas davam no máximo 7%. Quando as urnas abriram teve 14%. Não chegou a ir para o segundo turno, mas o descompasso das pesquisas com a votação ascendeu uma luz amarela. Alguma coisa não está sendo percebida. Atribuíram a uma onda de última hora e a um voto de rede social, tudo combinado ali, e um terceiro ponto seria o voto envergonhado. Essa hipótese de voto envergonhado foi por água abaixo nessa eleição.
Ouça a entrevista de Octavio Guedes a Mário Motta: