A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgouneste domingo, em Kuala Lampur, na Malásia, novas diretrizes para o tratamento das pessoas contaminadas pelo vírus HIV. A entidade quer que os governos incentivem o tratamento em adultos, crianças, grávidas e mulheres que amamentam.
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A OMS anunciou que 9,3 milhões de pessoas a mais terão direito a receber medicamentos retrovirais contra o HIV em todo o mundo, com o objetivo de evitar os 3 milhões de mortos relacionados com o vírus da aids até 2025. A aplicação de novas diretrizes poderá prevenir até 3 milhões de mortes relacionadas com a aids e 3,5 milhões de novas infecções pelo HIV entre 2013 e 2025.
Para conseguir esses objetivos, o investimento financeiro anual total para a luta contra o HIV deverá ser aumentado de forma considerável.
– Os cálculos para 2011 mostram que uma resposta eficaz ao HIV (segundo as recomendações de 2010 ), nos países de baixas ou médias rendas, custaria entre 22 e 24 bilhões de dólares por ano até 2015. Agora, calcula-se que essa cifra anual deverá incrementar-se em 10% se aplicadas plenamente novas recomendações, ou seja, mais de 2 bilhões ao ano – explicou Gundo Weiler, coordenador do departamento HIV/Aids da OMS.
Os governos do Brasil, da Argentina e da Argélia foram mencionados pela OMS pelo incentivo ao tratamento. Atualmente, cerca de 10 milhões pessoas tomam os retrovirais no mundo, segundo a entidade. Para a OMS, é fundamental também que os parceiros de pessoas com HIV também sejam tratados.
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As novas diretrizes da OMS respondem aos novos dados científicos e às práticas surgidas depois de 2010, que recomendavam, em particular, tratar os pacientes de um modo mais precoce para frear o quanto antes o desenvolvimento do vírus no sangue.
Agora, a OMS recomenda começar com os antirretrovirais em todas as pessoas que vivem com o HIV e cuja contagem de linfócitos CD4 seja menor ou igual a 500 células/mm3 de sangue contra 350 células/mm3 de antes. Este novo nível permitirá proteger um maior número de pessoas, já que o número de glóbulos brancos, os linfócitos, é mais alto no começo da doença.
Por outro lado, a entidade afirma que, agora, as grávidas ou lactantes também podem ser tratadas. Além disso, as crianças menores de cinco anos devem começar o tratamento o quanto antes possível, seja qual for a contagem de CD4 ou sua etapa clínica.
Na opinião do chefe da ONUAids, Michel Sidibé, as novas recomendações vão permitir à comunidade internacional estar mais perto do final da epidemia de aids.
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– Estas novas recomendações visam ao futuro, são mais otimistas – afirmou o diretor do departamento da HIV/Aids da OMS, Gottfried Hirnschall.
As recomendações foram lançadas pela OMS durante a Conferência Internacional sobre Aids e a Sociedade 2013. O evento ocorre a cada dois anos e atrai cientistas, médicos e especialistas em saúde pública. Atualmente, o tratamento com retrovirais envolve três medicamentos: tenofovir, lamivudina e efavirenz. A dose é diária.
No Brasil, desde o início da epidemia, em 1980, até junho de 2012, o país registrou 656.701 casos de aids (doença manifestada). Em 2011, foram notificados 38.776 casos da doença e a taxa de incidência de aids no Brasil foi 20,2 casos por 100 mil habitantes. Atualmente, há mais casos da doença entre os homens do que entre as mulheres, mas a diferença vem diminuindo ao longo dos anos.
Entre os brasileiros, a faixa etária, de 25 a 49 anos, em ambos os sexos, é a que registra a maior incidência da doença. Mas as autoridades brasileiras advertem sobre o aumento de incidência entre os jovens de 13 a 19 anos – registrando mais casos entre as mulheres. De acordo com especialistas, a forma de transmissão entre os maiores de 13 anos de idade é a sexual.
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