Um ano após o relato da primeira morte por coronavírus na China, especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) irão ao país para investigar a origem do coronavírus. Muito aguardados, eles finalmente chegarão à China esta semana —conforme anúncio de Pequim, nesta segunda-feira (11).

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A visita dos dez especialistas da OMS é sensível para o regime chinês, pois quer evitar qualquer responsabilidade pela Pandemia que já matou mais de 1,9 milhão de pessoas em todo mundo. Atualmente, a doença está praticamente erradicada na China.

Em nota, o Ministério Chinês da Saúde anunciou que a visita dos especialistas começará na quinta-feira (14), uma semana após o adiamento da viagem prevista para quarta-feira passada. 

Na ocasião, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, deixou transparecer sua irritação com Pequim, dizendo estar “muito decepcionado” com o adiamento. Desta vez, ele saudou o anúncio de Pequim no Twitter. “Estamos ansiosos por trabalhar com nossos colegas (chineses) nesta missão crucial para identificar a origem do vírus e sua rota de transmissão para a população humana”, escreveu.

Por que demorou tanto?

Nos últimos meses, o governo chinês reagiu muito mal aos pedidos de uma investigação independente, em particular aplicando sanções comerciais à Austrália, que insistia nesse sentido.

Pequim não deu detalhes sobre como será a visita, mas os investigadores deverão ficar em quarentena assim que desembarcarem em solo chinês. A missão deverá durar entre cinco e seis semanas.

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O objetivo é determinar como o vírus foi capaz de sofrer mutação para passar de morcegos para humanos. O demora para a China aceitar uma investigação independente significa, no entanto, que os primeiros traços da doença serão difíceis de encontrar.

A missão é formada por dez cientistas (Dinamarca, Reino Unido, Holanda, Austrália, Rússia, Vietnã, Alemanha, Estados Unidos, Catar e Japão) reconhecidos em suas diferentes áreas de atuação. Eles devem ir para Wuhan, a primeira cidade do mundo a ser colocada em quarentena em 23 de janeiro de 2020.

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Vítima sem nome

Foi na mesma cidade de destino dos investigadores que a morte da primeira vítima por Covid-19 foi anunciada há um ano, em 11 de janeiro de 2020.

Em Wuhan, como em outras partes da China, a pandemia está amplamente sob controle, e o número nacional de mortos permanece oficialmente em 4.634 desde meados de maio.

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Nesta segunda-feira, os habitantes da metrópole do centro do país conduziam normalmente suas atividades, enquanto os meios de comunicação do regime comunista se calaram a respeito deste primeiro aniversário.

— Wuhan é a cidade mais segura da China e até do mundo agora — gabou-se Xiong Liansheng, de 60 anos, em um parque onde aposentados dançavam, ou faziam seus exercícios matinais, alguns com máscaras faciais.

A China foi criticada por sua resposta inicial à epidemia. Médicos em Wuhan que mencionaram a existência do vírus foram acusados pela polícia de espalhar boatos.

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Uma “jornalista cidadã” que cobria a quarentena em Wuhan foi condenada no final de dezembro a quatro anos de prisão.

Até mesmo o nome da primeira vítima conhecida da covid nunca foi divulgado. Sabe-se apenas que era um homem de 61 anos que costumava ir ao mercado Huanan para fazer suas compras. Considerado o primeiro grande foco da epidemia, o mercado foi fechado em 1º de janeiro de 2020. Ali eram comercializados animais silvestres vivos, considerados possíveis transmissores do vírus ao homem.

Nesta segunda, o mercado permaneceu fechado atrás de uma longa cerca. O governo chinês não permitiu que especialistas independentes investigassem o local.