Os 159 membros da Organização Mundial do Comércio ( OMC ) chegaram neste sábado a um acordo para impulsionar o comércio mundial, o que acontece pela primeira vez em quase duas décadas. Com isso, o acordo mantém viva a possibilidade de que um pacto mais amplo para criar condições de concorrência igualitárias poderá ser alcançado no futuro.

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O acerto poderá injetar bilhões de dólares na economia global ao facilitar o fluxo de bens em alfândegas, algo conhecido como “facilitação do comércio”. O acordo foi firmado em Bali, na Indonésia, depois de quatro dias de reunião, e ainda precisa de aprovação formal na OMC, que deverá acontecer em meados de 2015.

Há dois anos, os membros da OMC concordaram em desistir do ambicioso objetivo de eliminar ou reduzir as tarifas sobre uma série de bens e serviços. Em vez disso, a OMC passou a se focar em metas mais realizáveis, incluindo um esforço para simplificar os procedimentos de alfândega, uma peça central do acordo deste sábado.

Durante as negociações desta semana, o pacto parecia fora de alcance, com objeções de vários países. No final, um acordo de última hora foi alcançado nas primeiras horas do fim de semana, o que permitiu que altos funcionários presentes na reunião clamassem vitória.

– Nós colocamos o mundo de volta para a Organização Mundial do Comércio – disse o brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da organização.

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Segundo Azevêdo, a OMC deve passar o próximo ano desenvolvendo uma nova abordagem para avançar com as negociações de Doha:

– Nós vamos tomar a agenda de Doha como um todo.

Segundo a Câmara de Comércio dos EUA; a “OMC estabeleceu novamente a sua credibilidade como um fórum indispensável para as negociações comerciais. E isso não é uma vitória apenas no papel: facilitar a passagem de mercadorias através das fronteiras” e reduzir a burocracia poderá impulsionar a economia mundial”.

O que é a OMC e para que serve

A Organização Mundial do Comércio (OMC) reúne 159 países e tenta sem sucesso, desde 1999, construir um acordo para facilitar o comércio global de bens e serviços. Em Seattle, uma reunião que chamada de Rodada do Milênio foi interrompida por protestos de rua, em um dos primeiros episódios em que apareceram os chamados black blocs – grupos de manifestantes mascarados que depredam símbolos do capitalismo.

Desde então, passou a ser negociada a chamada Rodada de Doha (alusão à capital do Catar, onde foi realizado o primeiro encontro da série). No entanto, sucessivas tentativas de acordo fracassaram. O Brasil liderou um grupo de países que exigia das economias mais desenvolvidas a retirada de subsídios e proteções, especialmente no setor agrícola, para aceitar reduzir barreiras de importação a produtos industriais. Um estudo da consultoria americana Peterson Institute of Internacional Economics estima que o comércio mais fluido entre os países movimentaria US$ 960 bilhões e criaria 21 milhões de empregos, 18 milhões nos países em desenvolvimento.

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