A formação de um governo palestino de união nacional foi anunciado nesta quarta-feira pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP), do presidente Mahmud Abbas, e o movimento islamita Hamas, que governa Gaza. A decisão persiste mesmo com as advertências de Israel, que bombardeou a Faixa de Gaza – confronto que aconteceu enquanto milhares de pessoas iam às ruas comemorar a decisão e deixou seis palestinos gravemente feridos.

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Segundo o exército israelense, a Força Aérea e os serviços secretos realizaram uma “operação de contraterrorismo” que não atingiu seu objetivo.

Pouco antes, a OLP e Hamas haviam anunciado a conclusão de “um acordo sobre a formação de um governo independente dirigido pelo presidente Mahmud Abbas nas próximas cinco semanas”.

O Fatah (principal partido da OLP, que governa a Cisjordânia) e Hamas, responsável pela Faixa de Gaza, haviam assinado um acordo de reconciliação para acabar com a divisão entre Cisjordânia e Gaza em 2011, mas a maioria das cláusulas nunca foram aplicadas.

Hamas se opõe às atuais negociações da Autoridade Palestina com Israel, que estão bloqueadas desde que o país se negou a libertar, no último dia 29 de março, um último contingente de prisioneiros palestinos e exigiu a prorrogação das negociações de paz, que deveriam terminar em 29 de abril.

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Esta não é a primeira vez que os irmãos inimigos do movimento nacional palestino anunciam a formação iminente de um governo de união nacional.

A insatisfação de Israel

O premier de Israel, Benjamin Netanyahu, acusou o presidente palestino de sabotar o processo de conciliação ao buscar a reconciliação com o Hamas:

– Em vez de escolher a paz com Israel, Abu Mazen (apelido de Mahmud Abas) opta pela paz com o Hamas. Pode-se ter uma, não as duas. Espero que ele escolha a paz com Israel, mas, no momento, não é este o caso.

Já o negociador-chefe palestino, Saeb Erakat acrescentou que: “Não se pode conseguir a paz sem que haja uma reconciliação. A reconciliação é uma prioridade nacional palestina”.

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Retomadas em 29 de julho passado pelo secretário de Estado americano, John Kerry, as negociações de paz entre Israel e os palestinos encontram-se em um beco sem saída. Elas se chocam com questões como as fronteiras, as colônias, a segurança e o status de Jerusalém e dos refugiados palestinos.

Um encontro entre negociadores israelenses e palestinos ocorreu ontem em Jerusalém, na presença do mediador americano Martin Indyk, sem que houvesse progresso. Abbas declarou-se disposto a estender as conversas, com a condição de que Israel solte os prisioneiros, congele a colonização e concorde em discutir a demarcação das fronteiras do futuro Estado palestino. O governo israelense rechaçou a proposta.

Uma nova reunião estava marcada para esta quarta-feira, que foi cancelada por Israel. A sessão de negociações com os palestinos foi solicitada depois do anúncio feito pela OLP e Hamas.

– Israel cancelou o encontro que iria ocorrer nesta noite – com os negociadores palestinos, escreveu o porta-voz Ofir Gendelman em sua conta no Twitter.

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No entanto, o negociador palestino Saeb Erakat declarou que não havia nenhuma reunião prevista nesta quarta-feira com os israelenses. “Netanyahu parou as negociações há muito tempo. Escolheu os assentamentos em vez da paz”, declarou, referindo-se à colonização israelense na Cisjordânia ocupada.