O mundo, para os recém-nascidos, não passa de um emaranhado de vultos e sombras. Caso fosse submetido a um exame oftalmológico, o bebê poderia chegar a ter impensáveis 40 graus de miopia, astigmatismo ou hipermetropia. Tudo isso, porém, é normal, já que ele não vem ao mundo com o sistema visual totalmente formado, coisa que só vai ocorrer por volta dos seis meses.
Continua depois da publicidade
O problema é quando a criança, mesmo depois dessa fase, continua a enxergar mal. Como ela mesma não tem parâmetros, somente os pais podem desconfiar que há algo de errado com os olhos dos filhos.
Com a proximidade da volta às aulas, é preciso redobrar a atenção. Dificuldades para acompanhar as lições podem estar associadas aos erros de refração visual e atrapalhar o desenvolvimento escolar. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, em cada 20 estudantes do Ensino Fundamental, três têm alguma deficiência óptica. A criança, porém, dificilmente conseguirá, sozinha, identificar que o problema dela não é cognitivo, mas fisiológico.
A partir dos quatro anos a criança deve ser submetida ao exame oftalmológico, que poderá identificar tanto os vícios de refração quanto alguma alteração mais grave, como tumores na estrutura ocular. Para a ex-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica Islane Verçosa, do Centro de Aperfeiçoamento Visual, de Fortaleza (CE), melhor ainda se os pequenos fizerem o chamado teste do olhinho assim que nascerem. O objetivo da avaliação não é diagnosticar miopia, hipermetropia ou astigmatismo, já que o olho do bebê é muito pequeno nessa fase, mas rastrear doenças, como catarata congênita e glaucoma, que podem levar à cegueira.
Além das deficiências que necessitam de correção, o oftalmologista pediátrico Cassiano Rodrigues Isaac, do Centro Brasileiro da Visão, em Brasília, afirma que não se pode perder tempo quando os pais percebem qualquer sinal de estrabismo nas crianças.
Continua depois da publicidade
– Algumas pessoas acham que o desvio ocular pode se corrigir sozinho. Porém, há tumores que causam o estrabismo e é necessário fazer a cirurgia precocemente. Diante de qualquer suspeita, procure o oftalmologista – diz o médico, especializado no distúrbio.