Por trás do olhar dos caçadores de talento, há um só pensamento: não existe craque sem obstinação. Os olheiros dos grandes clubes da Série A são unânimes em dizer que não se comovem facilmente por um garoto que dribla toda a equipe adversária em uma peneira. Ele pode até ser chamado. Mas o garoto que sabe controlar a bola, luta por ela, dá um carrinho para evitar o inevitável lateral tem as mesmas chances de ser convocado.
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Testes desta natureza servem para mostrar o que o coordenador técnico das categorias de base do Figueirense, Felipe Gil, chama de domínio dos gestos técnicos. Para ele, executar com perfeição os movimentos (passe, chute, cabeceio) vale tanto quanto um gol:
– Muitas vezes eles querem sair driblando, e não é desta forma que vão mostrar seu potencial. Não devem levar para a parte individual, mas para o coletivo.
Isso significa que pouco importa a posição em campo. Embora na ficha de inscrição seja preciso definir um setor onde atua. O menino deve se inscrever para jogar onde se sente mais à vontade.
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Segundo o coordenador das categorias de base da Chapecoense, Eder Popiolski, a versatilidade se sobressai à virtuosidade:
– O mercado vê com bons olhos a versatilidade. Hoje se exige, por exemplo, que os volantes participem mais da armação, não apenas da destruição. Temos de ficar atentos a isso e não ter uma visão restrita.
Se pudesse indicar dois atletas com este perfil para os meninos se espelharem, o coordenador de Grupos Especiais da Escola Rubra do Inter, Felipe Kssesinski, citaria o meia colorado Otávio e seu ex-companheiro Fred. O talento deles, segundo Kssesinski, não está na força ou na velocidade, mas no raciocínio rápido e na tomada de decisão infalível.
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William Santana Mikhailenko, coordenador técnico da Escolinha do Grêmio, é o responsável por lapidar duas joias descobertas na primeira edição do Peneirinha: Leonardo Rodrigues e Luiz Ezekiel Baptista. Além deles, gerencia o aproveitamento de mais de 12 mil alunos de cinco a 15 anos espalhados em 76 unidades no Brasil. Todo ano são avaliados aqueles que, no futuro, poderão ingressar nos times de competição.
– Pedir calma em um momento desses é complicado. Pedimos concentração. Vamos avaliar as características de competitividade de cada um. Se ele se preocupar em ocupar uma posição em que a concorrência é menor, não vai adiantar. Avaliamos o potencial – define Mikhailenko.
Outro fator preponderante é saber lidar com a frustração. Toda peneira carrega o peso de um vestibular. Muitos meninos apostam seu futuro no futebol. O que eles e os pais precisam entender é que a primeira peneira não é, e nem será, a última.
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Lateral titular na conquista da Copa do Brasil em 1991, Sarandi assumiu a função de diretor executivo das categorias de base do Criciúma há um ano. Tempo suficiente para perceber que o trabalho das psicólogas e assistentes sociais do clube envolve mais a família do que os atletas.
– É preciso separar quem deseja ter a carreira profissional, se é o filho ou o pai. Equilíbrio emocional é essencial, senão não se tem sucesso em nenhum lugar – ressalta Sarandi.
CALENDÁRIO DE PENEIRAS
Santa Catarina
18 e 19 de janeiro: Blumenau
25 e 26 de janeiro: Florianópolis
1 e 2 de fevereiro: Joinville
Final
15 e 16 de fevereiro – serão conhecidos os dois vencedores
Categoria
9 e 10 anos
11 a 13 anos
PREMIAÇÃO:
Um ano em uma escolinha de futebol de sua cidade para os quatro vencedores (dois por Estado), além de material esportivo e didático.
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Dois finalistas (um de cada Estado) concorrem por sorteio a entrar em campo com a Seleção Brasileira (até abril de 2015).