Considero de grande importância o fato de estarmos sempre atentos aos diversos aspectos da nossa cultura, como forma de mantermos e aprimorarmos nossa história para que as gerações futuras possam também ter alcance e vivenciar todo esse acervo cultural que faz parte da nossa essência de base açoriana.

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A exemplo da canoa de um pau só de (garapuvu) observamos mais uma das riquezas culturais que está se perdendo frente aos nossos pouco atentos olhos.

A canoa de garapuvu foi um instrumento, um veículo de grande propagação cultural, permitindo a pesca, o transporte e até mesmo o lazer com as famosas corridas de canoa a vela, fomentando ainda mais a tradição e aglutinando multidões para uma vida mais festiva e feliz.

Os oleiros da ponta de baixo, distrito de São José, usavam as canoas para buscar argilas extraídas dos mangues para misturar às outras argilas conferindo-lhes mais plasticidade para a confecção das peças no torno (roda de oleiro) e até para transportar as louças de barro para a vizinha Florianópolis.

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Com a chegada das embarcações de fibra e alumínio, as canoas foram perdendo importância, visto a dificuldade com o peso e a mobilidade para levar e trazer do mar.

Hoje as leis ambientais não permitem mais a extração da madeira (pau), mais esquecem que com isso estão matando também um segmento cultural de rara importância. É preciso pensar num consenso, sabendo que essa árvore não dura mais que uns sessenta a oitenta anos.

Não seria possível uma forma sustentável de manter essa tradição tão bela? Fica aqui minha pergunta.

Texto enviado por Lourival Medeiros, oleio de São José.