Garopaba tem oito praias, ou melhor, oito paraísos, de Sul a Norte, com as melhores ondas do Brasil e talvez do mundo. Caso específico da Praia do Silveira, onde moro desde 1982. Minha mudança de Porto Alegre para Garopaba foi ocorrendo aos poucos. A partir de 1966, ainda veraneávamos na praia de Torres quando meu pai comprou um mapa do litoral catarinense.
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O projeto era fazer o primeiro “surfári” – mistura de surfe com safári caracterizado pela busca de locais nunca explorados. Foi assim que chegamos a Imbituba pela primeira vez.
O surfe na família é uma paixão de longa data, quase 50 anos, e é um estilo de vida. Acredito que eu e meu irmão Paulo nos enquadramos, afinal já passamos um pouquinho dos 50 e ainda surfamos quase todos os dias, sempre que é possível. Moramos em praias com ondas clássicas: Paulo em Ibiraquera, e eu, na Silveira.
Mesmo no inverno, depois de pegar altas ondas, dá para voltar para casa e acender o fogão a lenha para ver as fotos do dia, enquanto se toma um vinho com pinhão. Acho que temos aqui um paraíso.
O povo nativo de Garopaba não tem igual. São pessoas simples, sempre com sorriso no rosto. Quem já veio surfar aqui conhece, com certeza, o Parafa, o mais local de todos os surfistas, ou o Roni Ronaldo, que quebra as ondas e leva o nome de Garopaba Brasil afora. No meu caso, convivi durante anos com seu Joaquim, que trabalhou comigo e muito me ensinou.
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A migração que ocorre em Garopaba é da melhor qualidade, pessoas com consciência ecológica, que buscam o estilo de vida mais tranquilo e simples. Boa parte tem alguma ligação com o surfe ou seu estilo de vida.
Para melhorar, acredito que Garopaba deveria dedicar mais atenção às suas praias, suas maiores riquezas. É preciso regulamentar o uso delas, criando estruturas básicas necessárias, como estacionamento para veículos, sanitários, postos de salva- vidas, postos de polícia e a elaboração do Plano Municipal de Gerenciamento Costeiro.
Além de pescadores e surfistas preservarem o respeito ao acordo de bandeiras na época da safra da tainha. O surfe e a pesca podem acontecer simultaneamente e sem conflito: só é preciso respeito mútuo.
* Surfista e corretor de imóveis, nasceu em Porto Alegre e é filho de Fernando Sefton, um dos precursores do surfe em Garopaba.
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