Dois palhaços, uma lona improvisada e o maior espetáculo da Terra em plena rua Hercílio Luz. Estes são os elementos que abrem o 8º Itajaí em Cartaz neste sábado, às 11h, com a peça Estardalhaço, da Traço Cia. de Teatro de Florianópolis. Apresentada logo após o tradicional cortejo, que sai da frente da Igreja Matriz às 10h, a encenação dá início a oito dias de atrações culturais em um evento cada vez mais consolidado e que traz novidade neste ano: pela primeira vez o festival receberá companhias de outros estados.
Continua depois da publicidade
>>> Confira a programação completa do 8º Itajaí em Cartaz <<<
O foco do Itajaí em Cartaz – organizado pela Rede Itajaiense de Teatro – continua sendo a produção local e, a exemplo de outras edições, terá novamente convidados catarinenses. A presença inédita de grupos de fora de Santa Catarina, porém, representa mais um passo no crescimento do festival. Os visitantes ilustres no evento deste ano são a Cia Rústica, de Porto Alegre (RS), o Teatro Invertido, de Belo Horizonte (MG) e a AR Produções, do Rio de Janeiro (RJ).
– Nas primeiras edições eram dois, três dias de apresentações, depois foi aumentando com convidados de Santa Catarina e agora temos as participações de fora. Isso vem enriquecer muito nossa programação e mostra que estamos evoluindo – destaca Ana Paula Beling, que faz parte da comissão organizadora do festival.
Continua depois da publicidade
Contatos e convites
O sucesso do Itajaí em Cartaz tem reflexo direto na busca por parceiros e contatos para montar a programação. Organizador geral do evento, Victor Zaguini diz que não foi feito um grande planejamento para trazer as companhias gaúcha, mineira e carioca, mas sim que as oportunidades acabaram aparecendo e houve interesse das duas partes.
– Alguns grupos entraram em contato sabendo da mostra, outros foi por questão de contato, quando descobrimos que determinada companhia já tinha interesse em vir para Itajaí e então conseguimos conciliar as agendas – explica.
Conforme Victor, o objetivo de ampliar a abrangência regional é proporcionar maior integração entre os associados da Rede Itajaiense e outros grupos brasileiros:
Continua depois da publicidade
– Se não fosse o evento, provavelmente uma companhia de fora de Santa Catarina que passasse por Itajaí teria um contato mínimo com os artistas locais. Com a participação no Itajaí em Cartaz a proposta é diferente.
Diversidade e troca de experiências
Ao todo serão 19 espetáculos, incluindo os da Rede Itajaiense e convidados. A diversidade marca a programação, com teatros de rua, peças mais intimistas, apresentações infantojuvenis e espetáculos contemporâneos, entre outros. A intenção é atrair plateias variadas e fazer com que o Itajaí em Cartaz se consolide também na relação com o público, o que ainda é visto como uma dificuldade. A vinda de companhias de outros estados também tem o objetivo de reforçar esse processo.
– O Itajaí em Cartaz é uma realização dos grupos e sabemos que é uma luta fazer com que isso aconteça todos os anos. A expectativa é continuar esse processo, aperfeiçoando e buscando mais público – pondera Daniel Olivetto, ator e diretor da Cia Experimentus.
Continua depois da publicidade
O evento também é encarado como uma grande oportunidade para a troca de experiências profissionais e para unir a classe artística.
– O festival é o momento de mostrar trabalho, assistir o trabalho dos outros, debater. Com certeza esse conjunto só acrescenta bagagem para todos nós – avalia Mônica Longo, atriz e produtora da Cia Mútua.
– A gente sabe como é difícil organizar um evento como o Itajaí em Cartaz e acho que agora estamos mais homogêneos como Rede – afirma Marcelo Marquetti, ator e produtor da Sua Cia de Teatro.
Continua depois da publicidade
Formação focada na dramaturgia
Além dos espetáculos teatrais, o Itajaí em Cartaz mais uma vez traz atividades paralelas, com oficinas, debates, workshops e intervenções artísticas. Nestas ações, que são abertas ao público mas têm foco principalmente na formação dos próprios artistas, o tema deste ano será a dramaturgia. O enfoque foi definido logo depois do festival de 2013, com a percepção de que esse era um ponto que precisava ser aprofundado na produção cultural.
– A gente teve poucos momentos de formação dramatúrgica em Itajaí. Avaliamos que chegou o momento de trabalhar nisso – comenta o organizador geral do evento, Victor Zaguini.
Para Valéria de Oliveira, atriz do Grupo Porto Cênico, de Itajaí, a discussão dessa temática é fundamental para compreender o panorama atual do teatro e os diversos tipos de linguagem utilizados nos palcos.
Continua depois da publicidade
– A partir da metade do século 20 a figura do autor de uma peça, aquela estrutura de começo, meio e fim e de tempo, espaço e lugar, tudo começou a ser desconstruído e o texto dramático não é mais o lugar principal do teatro. Precisamos observar como isso esse fenômeno se constitui na arte contemporânea – opina.