A Organização Internacional do Trabalho (OIT) afirmou nesta terça-feira que, para superar os graves efeitos da crise econômica mundial, é preciso um pacto global sobre o emprego baseado em políticas que favoreçam o trabalho digno e tornem mais justa a globalização.
Continua depois da publicidade
O diretor-geral da OIT, Juan Somavía, disse, em entrevista coletiva, que esta é a mensagem que sua organização quer enviar à cúpula do Grupo dos Vinte (G20, os países ricos e os principais emergentes) que acontecerá em Londres na próxima semana.
Segundo os números apresentados pela instituição em janeiro, entre 2008 e 2009, serão eliminados 52 milhões de empregos no mundo. No entanto, os economistas da OIT destacaram hoje que essas previsões foram feitas quando ainda se achava que o crescimento global deste ano seria positivo, e dado que os dados atuais mostram que realmente haverá uma recessão, os números de desemprego poderiam aumentar.
Essa seria uma circunstância muito negativa, dado que, com base simplesmente no crescimento demográfico, entre 2009 e 2010, o mundo precisaria da criação de 90 milhões de postos de trabalho extras, algo que todo o mundo concorda que será impossível de alcançar. Por isso, Somavía pediu “ações urgentes”.
– Se forem aplicadas medidas coordenadas em resposta à crise nos próximos três meses, poderíamos estabilizar o desemprego, e o crescimento do emprego poderia começar em 2010. Se as medidas só forem tomadas daqui a seis meses, o processo será mais lento e a recuperação só começará no início de 2011.
Continua depois da publicidade
A OIT realizou um estudo sobre pacotes de resgate aplicados em 40 países do mundo, incluindo em todos os membros do G20. Segundo os dados, só 9,2% das despesas destes planos de resgate são destinados a promover o emprego, e as medidas de política social representam apenas 1,8%.
– Nós não dizemos para não se recuperar os bancos, porque, sem eles, a economia não funcionará, mas solicitamos que, ao mesmo tempo, leve-se em conta a necessidade de impulsionar a economia real – afirmou Somavía.
– Fazemos uma chamada ao G20 para que leve isso muito em conta, e tome as medidas necessárias – acrescentou.
Somavía insistiu também na “crise anterior à crise, quando se subvalorizava o mercado e as regulações, e se desprezava a dignidade do trabalho e o respeito ao meio ambiente”.
Continua depois da publicidade
– A mostra evidente de que o mercado de trabalho não era de qualidade foi a facilidade com a qual os empregos foram eliminados – acrescentou o diretor da OIT.
Por isso, defendeu lutar não só contra a destruição de emprego, mas também contra a deflação dos salários, porque este fato só agravaria a crise, já que reduziria ainda mais a demanda e diminuiria a confiança na recuperação.
Somavía reiterou a necessidade de coordenação entre países e instituições para agir da forma mais eficiente e eficaz possível.