Os cinco portos de Santa Catarina (São Francisco do Sul, Navegantes, Itajaí, Itapoá e Imbituba) movimentam milhões de toneladas anualmente. Em 2023, foram 61,6 milhões, segundo levantamento da Secretaria de Portos, Aeroportos e Ferrovias (SPAF) do Estado. Itajaí, que já foi líder neste ranking, movimentou no ano passado 370 mil toneladas.
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Só em Itajaí, são 425 trabalhadores portuários avulsos, segundo o sindicato da categoria. Trabalhadores que, em sua maioria, iniciaram nos anos 1990, no auge da movimentação do porto, e agora veem a movimentação — e o trabalho — no patamar mais baixo.
Este ano, no entanto, a esperança é no retorno da movimentação de contêineres pela Mada Araujo Asset Management Ltda, empresa homologada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para operar, de forma emergencial por dois anos, a operação no terminal.
Uma vida dentro do Porto
É o que espera Robson Floriano Costa, um dos portuários de Itajaí. Para ele, a queda na movimentação afetou a renda em casa, já que eles trabalham por demanda. Quando há movimentação, tem trabalho. Quando não tem, ficam parados.
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O ofício foi passando de pai para filho e permeia toda a família de Robson, que atua na capatazia do Porto de Itajaí desde 1999. É que, além de ter herdado a profissão do pai, que também era operador portuário, mas em Santos (SP), a esposa de Robson também atua no porto, e a filha dele quase nasceu no terminal.
— Minha esposa trabalhou até último dia de dar à luz. Fiz do Porto minha casa, minha vida — conta.
A história dele em Itajaí começa há 37 anos. Natural de Santos, a família quase toda trabalhou no porto paulista, do pai aos tios. Veio para Itajaí aos 7 anos.
O sonho da infância e da adolescência era ser jogador de futebol, mas as circunstâncias da vida o levaram também ao porto. Começou ali antes mesmo de entrar na faculdade (quando ingressou, escolheu o curso de Logística).
Conheceu a esposa, Juliane Pereira dos Santos Costa, também dentro da área portuária. Dos dois filhos que tiveram juntos, Júlia e Robson Júnior, foi a menina que quase nasceu dentro do porto.
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Robson faz o serviço de capatazia, ou seja, em terra. O ofício vai desde o trabalho braçal até conferências e operação de equipamentos de grande porte. Profissionais como ele são trabalhadores avulsos, ou seja, trabalham de acordo com a demanda do porto.
Com a redução das operações desde 2023, Robson conta que agora tem apenas cerca de 20% da demanda, comparando com anos anteriores. Ele e os colegas só não ficaram sem trabalho porque ainda há operação de cargas gerais no terminal.
Quando há serviço, a rotina no porto dura seis horas, mas começa muito antes, já que eles precisam ser habilitados diariamente.
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O trabalho de estivador
A rotina de pai para filho também foi realidade para Luis Ewerton de Jesus. Ele é estivador, ou seja, faz o trabalho no navio, assim como foi o pai dele, que também atuou em Itajaí. Ewerton começou em 2002.
O desejo de trabalhar no porto já era antigo. Afinal de contas, ver o pai operar maquinário e participar do principal movimentador da economia itajaiense faz nascer o desejo.
— Hoje eu exerço todas as funções que existem aqui no Porto, exceto uma ou duas que eu não posso fazer — conta. O trabalho evolui sempre: são novos maquinários, novas operações, que exigem que ele, assim como os mais de 400 trabalhadores avulsos, precisam se atualizar.
Assim como Robson, Ewerton atua em escalas de seis horas. Afinal, o porto não para.
Sem movimentação de carga conteinerizada, o que passa pelo porto são cargas gerais, como celulose, ou os navios “roll-on/roll-off”, que trazem veículos da BMW e da Chevrolet. O Porto de Itajaí também recebe cargas de barras de ferro, vergalhões perfilados, bobinas de aço, açúcar, fertilizantes, e, ainda, atracações de cruzeiros marítimos.
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