A reportagem tem dificuldades para achar a casa em uma rua secundária do bairro Iririú. Pudera: procura uma oficina, e quando finalmente chega a ela, descobre que não há placa ou outro indicativo do negócio feito ali. Nos fundos, duas carcaças de carro, um chassi e um motor desmontado entregam as intenções automotivas do lugar, mas não o motivo que faz dele especial. Afinal, quem iria supor que dessas poucas pistas à vista nascerá, em alguns meses, um hot rod, carros antigos transformados em estilosos e possantes modelos que representam uma verdadeira cultura particular ao redor do mundo. Cada vez mais disseminados no Brasil, os hot rods têm uma “incubadora” em Joinville, e logo esses carros vão rodar pelas ruas da cidade.
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Quem garante é Marcelo José Leonel, 48 anos, e Tiago Zilio, 33, parceiros na empreitada desde que comandavam uma oficina em São Paulo. Mas a necessidade de “enxugar” o negócio, o desejo de mudar de ares e uma (ex-)namorada de Joinville fez Zilio tomar o rumo do Norte de SC. Marcelo veio junto e, em janeiro de 2013, recomeçaram por aqui, só que focados em construir os mirabolantes veículos.
Ao longo do primeiro ano, eles se debruçaram sobre um Erskine 1927, que depois de pronto foi para São Paulo. São duas características da atividade (complementar) da dupla: o longo período de montagem dos hot rods e as recorrentes encomendas daquele Estado. No momento, Marcelo e Zilio adaptam um Mercedes 1939 e um Ford 1931, além de orçarem um Ford 1930 para o primeiro cliente joinvilense.
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Por enquanto, não passam de carcaças no pátio da oficina, mas com as peças que serão buscadas em todos os cantos, se tornarão máquinas únicas. O quanto, quem diz é o bolso. Hot rods podem custar entre R$ 60 mil e R$ 80 mil, às vezes menos, às vezes bem mais. É o dinheiro, afinal, que definirá desde a potência do carro até o tempo de trabalho.
Perfil no Brasil é diferente dos EUA
– No Brasil, quem está indo atrás disso são empresários, pais de família, que acham bonitos os hot rods e querem um para passear no fim de semana – conta Tiago Zilio. É um perfil diferente dos compradores nos EUA, onde ainda resistem os “rachas”, uma das origens dos hot rods.
Segundo Zilio, a cultura dos hot rods explodiu no País por volta de 2005, detonada pela internet e por revistas especializadas. É, em suma, uma moda, mas não para quem vive o estilo há tantos anos, como a dupla.
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– É um estilo de vida, porque o cara que curte tem que estar envolvido com tudo, a roupa, a música… – define Marcelo.
– É um carro antigo que supera em velocidade um moderno. É velocidade e estilo. Para mim, isso resume o hot rod – diz Zilio, cuja tatuagem no braço ostenta Speed Style acima de um hot rod.
O que é um hot rod?
De acordo com o site hotrod.com.br, os hot rods começaram com os jovens dos anos 40 e 50, que a fim de terem um carro estiloso e diferente (e também por não terem dinheiro para comprar um novo em folha), começaram modificar modelos das duas décadas anteriores, só que com mecânica atualizada.
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Os veículos tinham o teto rebaixado e o câmbio trocado, recebiam um motor potente (o V8 é quase obrigatório) e pneus traseiros largos e, em alguns casos, a altura do carror era diminuída. Labaredas pintadas nas laterais são comuns. Uma subdivisão dos hot rods, bastante popular, é o dragter, modelo mais leve e ultra-rápido normalmente construído para disputas em trechos curtos.
Aliás, o termo hot rod teria surgido nos anos 30, em Los Angeles (EUA), com corridas entre carros modificados.