O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, pediu nesta quinta-feira um diálogo para manter a “paz interna” no Paraguai, depois de o Congresso ter aprovado um pedido de julgamento político contra o presidente Fernando Lugo.

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Insulza pediu em um comunicado que “o processo político que está em andamento mantenha seu curso dentro da Constituição e da lei, com pleno respeito aos direitos de todos os envolvidos”.

A Câmara dos Deputados tomou a decisão com base no “mau desempenho” do presidente.

A decisão de julgamento político contra Lugo ocorre após mudanças no gabinete, depois da matança de seis policiais e 11 camponeses em um conflito armado numa zona agrícola do país, na última sexta-feira.

Insulza pediu que seja resguardado “o diálogo, entendimento e a paz interna no país, membro da OEA”, enquanto ofereceu os ofícios da organização continental caso Assunção tenha necessidade.

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Em uma tentativa de minimizar a crise, Lugo anunciou ontem a criação de um grupo especial de “civis notáveis”, com o apoio da OEA, para investigar a matança.

O titular da OEA expressou confiança em que o processo político no Paraguai “leve a um resultado que garanta a estabilidade e continuidade democrática. Os países da região avançaram significativamente nos últimos anos em relação às normas de convivência que devem reger o processo democrático e criar a estabilidade institucional, condições essenciais para o seu desenvolvimento.”

Se na conclusão do julgamento político no Senado, onde apenas cinco de seus 45 membros são partidários de Lugo, o presidente for condenado, deverá assumir o cargo o vice, Federico Franco.

As próximas eleições presidenciais serão realizadas em 2013.

Unasul envia missão de chanceleres ao Paraguai

A Unasul enviará seus 12 chanceleres ao Paraguai nesta quinta-feira para defender a democracia, afirmaram o ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, e o secretário-geral do bloco, Alí Rodrígurz, após uma reunião de cinco chefes de Estado e vários ministros do bloco sul-americano.

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– Os presidentes da Unasul decidiram o envio de uma missão de chanceleres que partirá às 19h do Rio de Janeiro – para analisar o julgamento político de destituição que o presidente paraguaio, Fernando Lugo, enfrentará, informou Patriota a jornalistas.

– Eu integrarei essa missão, e também o secretário-geral da Unasul, (o venezuelano) Alí Rodríguez. Essa missão é para assegurar o direito de defesa da democracia – disse.

Viajarão “esta noite todos os (chanceleres) que estão aqui, e os que não estão irão de seus países para lá”, disse Rodríguez, titular da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em outra coletiva de imprensa.

– Os presidentes expressaram a convicção de que se deve preservar a estabilidade e o pleno respeito à ordem democrática paraguaia, conservar o pleno cumprimento dos dispositivos constitucionais e assegurar a defesa do devido processo – afirmou Patriota. Os presidentes consideram que os países da Unasul conquistaram a democracia com muito esforço e, nesse sentido, nós devemos ser defensores extremos da integridade democrática.

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Nesta quinta-feira, a Câmara dos Deputados paraguaia aprovou por 76 votos contra um um julgamento político contra Lugo, acusado de mau desempenho de suas funções após o confronto armado que matou seis policiais e 11 camponeses na sexta-feira passada.

O presidente, que não viajou à cúpula Rio+20, anunciou em coletiva de imprensa que não renunciaria e que se submeterá ao devido processo.

Rodríguez afirmou que “desde o primeiro momento houve comunicação com presidente Lugo”.

Participaram da reunião da Unasul, paralelamente à cúpula de desenvolvimento sustentável da ONU Rio+20, a presidente Dilma Rousseff, o colombiano Juan Manuel Santos, o equatoriano Rafael Correa, o boliviano Evo Morales e o uruguaio José Mujica, assim como vários chanceleres.

A Unasul é um órgão político formado por Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.

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