As ocupações no campus de Florianópolis da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) devem terminar ao longo desta semana. A informação é da própria assessoria de imprensa da instituição. A decisão foi tomada na manhã desta segunda-feira após uma reunião entre os representantes de estudantes e diretores de centros de ensino com o procurador do Ministério Público Federal (MPF) Marcelo da Mota, o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, a vice-reitora, Alacoque Lorenzini Erdmann, e um representante da OAB. Alunos, pais e a diretora do Colégio de Aplicação também participaram do encontro e anunciaram que já retomaram as atividades regulares.

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O Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) e o Centro de Ciências da Educação (CED) devem ser desocupados nesta terça-feira. A expectativa é que o mesmo aconteça no Centro Sócio-Econômico (CSE), que dependia de um acerto de alunos com a direção. Caso tudo ocorra conforme o previsto, as atividades regulares nesses centros devem ser retomadas a partir da quarta-feira, dia 30.

Já os estudantes do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) devem aguardar mais um dia para sair do prédio. Segundo a universidade, a proposta de desocupação dos espaços será analisada nesta terça-feira pelo Conselho de Unidade. Os alunos, no entanto, se comprometeram a deixar os espaços em 24 horas, caso a pauta interna seja aceita. No Centro de Ciências Biológicas (CCB), os alunos já encerraram o movimento de ocupação.

Também na quarta-feira deve ocorrer um novo encontro com o procurador Marcelo da Mota. Outra definição da reunião foi a garantia de que o vestibular, previsto para os dias 10,11 e 12 de dezembro, ocorra normalmente, inclusive nos centros que tiveram ações de ocupação.

Encontro foi convocado pelo procurador do MPF

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Durante o encontro nesta segunda-feira, o procurador disse estar interessado em “entender o que estava acontecendo” e em buscar uma solução negociada para o conflito de valores e direitos. O reitor da UFSC, que recebeu uma recomendação do MPF na semana passada informando que a universidade deveria apresentar soluções para a desocupação em 72 horas, afirmou que este foi um dos períodos mais tensos, mas também um dos mais produtivos, levando em conta que “colocou no limite a nossa capacidade de resolução do problema”. Olivo ressaltou ainda que não haverá nenhum tipo de processo de criminalização ao movimento.

Houve ainda o pronunciamento dos estudantes, cada um representando um centro. Eles teriam ressaltado que foi permitido o livre acesso as dependências da universidade e que visitantes eram identificados e acompanhados por alunos por questão de segurança. Além da PEC 55, os alunos reforçaram a pauta local, principalmente em relação às verbas para a permanência estudantil.

Os movimentos de ocupação estudantil são contrários à PEC 55, que tramita no Senado e terá votação em 1º turno nesta terça-feira, dia 29, e, segundo eles, restringe os investimentos públicos em saúde e educação pelos próximos 20 anos. Também são contrários a outras iniciativas do governo federal, como a reforma do Ensino Médio, a PEC da Escola Sem Partido e a PEC 65, do licenciamento ambiental.