O sol apareceu, como era de se esperar em um dia de praia. O banho, há muito comprometido pelo progresso, ficou para outra hora, mas a porção de vitamina D foi recarregada com sucesso. Como em qualquer praia que se preze, tinha mais de um estilo musical disputando os ouvidos presentes, para atender a diversos gostos. Mas, muito além disso, tinha uma sensação de velha novidade no ar.

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O rio Itajaí-Açu, mar dessa praia, era visto de um ângulo diferente, de novo ou pela primeira vez, considerando o grande número de crianças que brincavam sobre os blocos de grama nova. Tinha calor e vento fresco, e na curva do rio tinha uns caras fazendo barulho com manobras de jet ski. Mas não tinha (muito) barulho de carro. E também não tinha cheiro de carro. E tinha até guarda-sol.

A Prainha reaberta, devolvida à comunidade depois de quase quatro anos fechada, é uma ponta de esperança para quem acredita que cidades podem ser feitas para pessoas. As lembranças que habitam a porção de terra da curva do rio podem agora ser contadas no local onde ocorreram. Podem ser recontadas, recriadas, e dar espaço para novas memórias.

O mundo urbano não tem de ser hostil, pois é preciso dar ao cinza o seu lugar, mas se faz mais que necessário devolver os lugares ao verde. Todos os lugares. Que a Prainha ocupada – que ganhou na tarde deste sábado o coração de uma forasteira -, cheia e viva seja o primeiro passo, mas que cada bairro possa ter a sua prainha, a sua pracinha, pro verde dominar o cinza e a vida não cair no piloto automático.

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A equipe do Minha Blumenau, que convocou a ocupação colaborativa da Prainha com o auxílio de outros parceiros, não soube precisar quantas pessoas participaram do evento durante este sábado, mas esta não era a informação que importava. As atividades começaram pela manhã, com a organização do espaço, e seguem durante a tarde e à noite, com apresentações culturais em um palco aberto e ações de colaboração como o plantio de um canteiro, instalação de mesas e cadeiras e conscientização sobre reaproveitamento e reciclagem, entre outras atividades.

Amanda Tiedt, integrante do Minha Blumenau, conta que a ação deve se repetir outras vezes, até que as pessoas voltem a se acostumar com o espaço e passem a frequentar a Prainha naturalmente:

_ A nossa intenção era mostrar que dava para ocupar esse espaço, que ficou tanto tempo fechado e agora está reaberto. Muita gente nem sabia que já era possível vir aqui, ou achava que era de uma grupo só, e o mais legal é que está todo mundo aqui, o pessoal do Vamo Siuní?, as famílias, até os turistas que vêm no Moinho do Vale vieram aqui e conheceram, tiraram várias fotos. Era isso o que a gente queria.