Ao voltar ao Centro Integrado de Cultura (CIC), lugar que ocupou por tantas vezes nos anos 1990, o Cena 11 desconstrói a ideia de encontrar o público em horário marcado e espaço delimitado, como num espetáculo apresentado no palco. A aclamada cia de dança contemporânea de Florianópolis é a convidada da segunda edição do Claraboia, projeto de comissionamento a artistas realizado pelo Museu de Artes de Santa Catarina (Masc), na Capital. Mas em vez de contemplação, o grupo convida à experiência. A abertura é hoje, quando também abre Atestado de Loucura, mostra póstuma de 40 obras de Paulo Gaiad (1954 – 2016).
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Para o projeto Claraboia, o Cena 11 não planejou necessariamente uma exposição com ares de retrospectiva de sua trajetória de 24 anos — muito embora seja para um museu de artes —, afinal, quando se fala no grupo, fala-se também em sair do lugar comum e experimentar a surpresa. É a primeira vez que o Masc os recebe e a ação dentro do espaço é também uma novidade para o coletivo.
—Não passa pelo conceito de exposição e sim de uma ocupação – residência. Para que a ideia de presença se faça com a experiência prática, não apenas contemplativa — diz o diretor artístico da cia, Alejandro Ahmed.
Para isso, estão previstas ações coletivas e individuais de ocupação ao longo dos próximos três meses, com incursões dos bailarinos pelo museu. A intenção é deixar vestígios, propor interações cinéticas e sonoras e convidar o público a viver a experiência da pesquisa, inclusive a partir da experimentação do modo de aquecer da companhia.
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Depois da estreia em maio na cidade natal de Protocolo Elefante, peça coreográfica que concluiu o projeto homônimo, iniciado em 2014, o Cena 11 já começou as primeiras ações de pesquisas de um novo trabalho — e o projeto Claraboia faz parte disso.
Gaiad em retrospectiva
O Masc também inaugura hoje a mostra Atestado da Loucura, com obras do artista Paulo Gaiad. Os cerca de 40 trabalhos feitos em diferentes períodos estavam reunidos na casa-ateliê onde ele viveu e criou nos últimos 30 anos. Entre maio e junho deste ano, a equipe do Masc e profissionais contratados fizeram um trabalho de recuperação das obras, algumas afetadas por cupins e traças.
Paulista radicado em Florianópolis desde os anos 1980, Gaiad morreu em outubro de 2016, aos 63 anos. A exposição tem curadoria assinada pelo também administrador do museu, Josué Mattos, e pela curadora adjunta Édina de Marco.
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— Nós trabalhamos exclusivamente com o que chamamos de fundo de ateliê, com as obras que ele deixou. Reconhecemos uma produção muito fértil de 2005, em função da pesquisa que ele fez com a obra Elogia da Loucura, de Erasmo de Rotterdam, que acabou dando título à série. Essa ideia de atestar algo que não é necessariamente reconhecido, fruto de uma experiência relativa que é indicar a loucura do outro a partir de um certo padrão de sanidade, pareceu um gesto curioso e por isso resolvemos trazer isso à tona — explica Mattos.
Um seminário, com a presença de pesquisadores de diferentes partes do Brasil, está previsto para outubro, finalizando um ciclo de debates iniciado por instituições como a Fundação Badesc, o Museu Victor Meirelles, o Museu de Escola Catarinense e a Udesc como forma de homenagear o artista um ano após sua morte.
AGENDE-SE
O quê: Exposição Atestado da Loucura, de Paulo Gaiad, e 2ª edição do Projeto Claraboia com Grupo Cena 11
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Quando: quarta, às 19h30 (abertura). Visitação até 1º de outubro, de terça-feira a domingo, das 10h às 21h
Onde: Sala Harry Laus do Masc, no CIC (Av. Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis)
Quanto: gratuito