O prédio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Centro de Florianópolis, permanecerá ocupado por manifestantes mesmo com o anúncio da recriação do Ministério da Cultura feito no último sábado pelo ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM). A volta do MinC deve ser oficializada nesta segunda-feira, 23, com a edição de uma medida provisória e quem assume o comando é Marcelo Calero, já anunciado como secretário especial da pasta e, até então, secretário de Cultura do Rio de Janeiro. Estudantes, artistas e trabalhadores da cultura em Santa Catarina estão no prédio desde a noite de quinta-feira, alegando resistência ao governo interino de Michel Temer (PMDB).
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A decisão pela continuidade do movimento no Estado foi tomada em assembleia realizada na manhã deste domingo. O Ocupa MinC SC está articulado com ocupações em outras 17 capitais brasileiras.
— Essa foi a primeira vitória do movimento a nível nacional. Mesmo assim vamos continuar. Não vamos reconhecer as ações deste governo ilegítimo. Também vamos pressionar para que a cultura receba mais investimentos, principalmente a de rua — explica o porta-voz do grupo, Tomaz Silva de Souza Cruz.
Segundo a organização do movimento, que se declara pacífico, horizontal e aberto, as atividades têm atraído cerca de 300 pessoas diariamente.
— A programação cultural continua com vários grupos. Até agora fica claro que temos tido sucesso em nos comunicar pelas redes sociais com a população, que vem para acompanhar, conhecer, conversar ou fazer doações — explica o estudante.
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Funcionários do Iphan trabalham normalmente dentro do prédio. Eles se reuniram com integrantes da ocupação e, até a tarde de sábado, mostravam aflição em relação ao futuro do órgão, que é uma autarquia federal vinculada ao MinC. A Polícia Militar, por sua vez, informou que até o momento não deve intervir ou fazer guarda junto ao prédio, já que tudo transcorre com tranquilidade.
Para o professor de Ciências Políticas da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), Valmir dos Passos, a pressão social deve permanecer sendo a principal dificuldade na governabilidade de Temer.
— Ação política tem a ver com precificação. Nesse caso do MinC, a extinção se tornou cara. Porque houve reação significativa. Então tem havido recuos. Não tenho dúvidas de que os movimentos sociais devem seguir atuantes, porque o campo da centro-esquerda tem tradição de militância. O governo Temer fica sem apoio de rua porque não há essa tradição na centro-direita e claramente ele está se posicionando em políticas de centro-direita e direita.