O Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville (CBVJ) já registrou 70 ocorrências relacionadas à remoção ou ao extermínio de abelhas na área urbana da cidade em 2019. O número de registros supera em quase 80% a quantidade de chamadas recebidas de janeiro a setembro de 2018, quando houve 39 casos reportados, e já é maior que o total acumulado durante todo o ano passado (60). Considerando as ocorrências envolvendo abelhas, marimbondos e vespas até a última segunda-feira os bombeiros já haviam notificado 125 eventos no ano.

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Basta um movimento atípico ou mesmo um esbarrão sem querer em uma colmeia para desencadear uma resposta de defesa das abelhas, que podem atacar a presa com o ferrão (venenoso em algumas espécies). Se houver picada as complicações podem ir desde a vermelhidão na pele, alergia, coceira ou nos casos mais graves levar a morte.

Apicultores são capacitados para remover enxames de abelhas com segurança em Joinville

E é justamente de outubro até janeiro, o período em que o cuidado deve ser redobrado. Segundo o técnico agrícola da Unidade de Desenvolvimento Rural (UDR) de Joinville, Ingo Weinfurter, isso ocorre por que a época de primavera é a que fornece maior disponibilidade de alimento e as abelhas se multiplicam, podendo colaborar para uma maior incidência de casos. A explicação está na entrada de pólen, uma vez que nesta estação os enxames crescem por causa das floradas.

Outra explicação é o próprio fato de que as abelhas estão cada vez mais se urbanizando, o que faz com que, em Joinville, por exemplo, o aparecimento dos enxames se dê de forma espalhada e em bairros distintos como Jardim Paraíso, Iririú, Boa Vista, Fátima e Guanabara.

– Isso não é uma tendência exclusiva de Joinville. Ao longo dos anos com a redução das florestas e do habitat das abelhas, que é a natureza, elas estão migrando para as cidades porque encontram áreas mais favoráveis para fazer o ninho. Na cidade elas têm maior disponibilidade de alimentos para as suas colmeias durante o ano todo – explica.

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-Outra situação é a migração, que é o abandono do lugar onde elas estavam porque o local era insalubre – por frio; falta de comida; aparecimento de formigas; etc – e então ela parte em busca de uma nova morada e é nessa troca que, muitas vezes, as ocorrências são registradas – explica.

Remoção segura

Conforme Nírio Andriolli, presidente da Associação dos Apicultores de Joinville (Apiville), o mais importante é que a população ao avistar um grupo de abelhas não as atice, tente afastá-las com fogo ou queira removê-las por conta própria. Ao ver a colmeia é necessário chamar os bombeiros pelo número 193. A corporação então irá catalogar o grau de risco de ataque e encaminhar os profissionais capacitados da Apiville para fazer a retirada do enxame de forma segura (o extermínio é indicado somente em último grau).

— Em um único dia já cheguei a receber mais de 15 chamados de enxames de abelha na cidade, mas é necessário se programar, saber o tempo certo para agir, reunir habilidades e conhecimento para realizar este serviço. E claro, há uma série de condições e equipamentos de segurança que devem ser respeitados — aponta Nírio.

Para Ingo Weinfurter é preciso desmistificar a ideia de que as abelhas são perigosas e por isso o manejo correto delas pode impactar diretamente em sua preservação, tendo em vista que a população deste inseto está reduzindo em todo o planeta. Elas são tidas como essenciais para a garantia de prosperidade sob dois pontos de vista: pelos produtos que é capaz de oferecer, como mel, cera, geleia, própolis e apitoxina; e ao buscar o pólen (da qual se alimentam), com isso as abelhas polinizam as plantações, o que é indispensável para a reprodução das plantas que dão origem a alimentos como frutas, legumes e grãos.

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— De cada 10 alimentos que você coloca na mesa, sete delas a abelha é diretamente responsável por isso, ou seja, em 70% do abastecimento da alimentação humana a abelha é diretamente responsável por conta da polinização das plantas —, afirma o especialista.