A Univille completa, neste mês, 20 anos na condição de universidade e passa por difícil momento, que vai exigir profunda reestruturação organizacional. Um dado preocupa: é de 40% a ociosidade das cadeiras nas salas de aula dos cursos de graduação oferecidos.
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O problema se concentra nos cursos matutinos. Ampliar para 20% o total de aulas em cursos de ensino à distância é a meta para 2017. A política de redução de custos melhorou índices de endividamento e de liquidez corrente. Em outubro haverá eleições para o comando da universidade.
A reitora da Univille, Sandra Furlan, é graduada em engenharia química, doutora em engenharia de Processos pela Escola Superior de Engenharia Química do Instituto Nacional Politécnico de Toulouse, na França. É professora titular da Univille, onde foi Pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação e vice-reitora.
Coordenou o planejamento estratégico da universidade e o projeto de implantação do Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região (Inovaparq). É professora dos cursos de graduação em engenharia química e em engenharia ambiental e sanitária, e dos cursos de pós-graduação em saúde e meio ambiente e em engenharia de processos.
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Atua na área de engenharia bioquímica, com ênfase em processos biotecnológicos, e também na área de gestão da inovação tecnológica. Possui mais de 380 trabalhos publicados nacional e internacionalmente. Confira o que a reitora pensa sobre o futuro da instituição joinvilense:
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A Notícia – A Univille completou 20 anos como universidade neste mês. O que isso significa?
Sandra Furlan – Completar 20 anos na condição de universidade – e 50 de fundação – é uma conquista importante. Há algum tempo, em 2014, obtivemos o credenciamento como universidade comunitária. Isso nos permite ter acesso a editais para obras e pesquisas de laboratórios. Mas falta a regulamentação da lei.
AN – Que problemas isso causa?
Sandra – O ginásio da Univille está interditado. E não podemos pegar dinheiro do Ministério da Educação para fazer as necessárias reformas. O impedimento é porque a Univille não é universidade federal. Recentemente, tivemos reunião com o ministro. Ele gostou do modelo comunitário que adotamos.
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AN – Qual será o futuro da instituição?
Sandra – Estamos fazendo o planejamento estratégico. Nosso foco é garantir a qualidade de ensino. Isso é prioritário. Nós não vamos brigar por preço. A Univille faz pesquisa, ensino e extensão. Somos diferentes de outras escolas, que têm custos bem menores do que os nossos. Por isso, perseguimos a qualidade de ensino. Isso passa por qualificação dos professores. Aprimorar a capacitação do corpo docente e do pessoal administrativo é essencial.
AN – Como estão as finanças?
Sandra – Reduzir despesas é uma ação constante. Em paralelo, estamos trabalhando para aumentar as receitas. O orçamento para este ano é de R$ 148 milhões. O que significa 16% a mais do que no ano passado, com R$ 132 milhões. Em 2014, apuramos R$ 114 milhões.
AN – A inadimplência, em praticamente todas as escolas privadas, aumentou bastante no último ano. Qual é a situação?
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Sandra – Nossa inadimplência subiu um ponto percentual de 2014 para 2015: de 7,9% para 8,9% do total de alunos pagantes. Um índice aceitável para o momento de dificuldades financeiras que todos vivem. Nosso problema é outro. É a ociosidade de cadeiras nas salas de aula.
AN – O que acontece?
Sandra – A ociosidade é questão séria. Quarenta por cento (40%) dos espaços disponíveis nas 165 salas de aula e laboratórios estão vazios. Esse fato deriva de desistências dos alunos e do não preenchimento de vagas em alguns cursos. Essa situação exige unir turmas. Os cursos matutinos são muito afetados, não fechavam turmas e passaram a ser noturnos. Temos 40 cursos de graduação, 30 de especialização, cinco mestrados e um doutorado. No total, há 10.100 alunos. Em 2006, tínhamos 9.400. Vamos ampliar o número de cursos com ensino à distância. Implantaremos o sistema semipresencial em 2017. Deveremos ter 20% das aulas não presenciais.
AN – Lógico que isso também afeta o resultado financeiro.
Sandra – Conseguimos reduzir o déficit no ano passado. E comemoramos muito. Pagamos a conta da recuperação de depósito judicial. No ano de 2014 o índice de endividamento era de 6,2%; no ano passado, caiu para 2,5%. Outro número positivo vem da liquidez corrente, o dinheiro disponível para saldar os débitos. O índice era 1,15% em 2014 e subiu a 2,1% no ano seguinte. Mesmo assim, 2015 foi o ano mais crítico. O não repasse de dinheiro referente ao Programa Fies, por parte governo federal, nos impactou duramente.
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AN – O que está sendo feito para diminuir as dificuldades?
Sandra – Estamos em meio a uma reestruturação organizacional. Implica em rever departamentos, melhorar processos. Já integramos áreas e queremos finalizar a reestruturação até o fim do ano.
AN – Em outubro, haverá eleições. A senhora é candidata à reeleição?
Sandra – Sim, serei candidata. Até o fim do ano, vamos entregar o plano de desenvolvimento educacional ao Ministério da Educação.