O vice-presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Juan Antonio Samaranch, afirmou nesta quarta-feira que o ocidente “está impondo a si mesmo não sediar os Jogos Olímpicos”, devido em parte “ao mundo do ‘não'”, que vem se traduzindo na retirada de candidaturas.

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“Estamos indo no ano que vem a Pyeongchang, na Coreia, dois anos depois vamos a Tóquio, dois anos mais tarde vamos à China. Estamos fazendo praticamente todos os Jogos na Ásia”, alertou Samaranch, durante coletiva de imprensa em Madri.

“Isso tem um motivo. O ocidente está impondo a si mesmo não sediar os Jogos por falta de uma auto-organização para nos defender desse movimento do ‘não'”, completou, acusando “grupos populistas de todas as cores” nascidos do calor da crise econômica.

“Vimos uma terrível, dramática e dolorosa diminuição de cidades que estavam sonhando em organizar os Jogos e que retiraram as candidaturas”, completou Samaranch, em referência às saídas de Budapeste e Roma da corrida para sediar os Jogos Olímpicos de 2024.

– “Só dois” –

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Estas decisões deixaram apenas Paris e Los Angeles na briga para sediar estes Jogos, que serão atribuídos em setembro.

Samaranch não informou se também poderá ser anunciada a sede dos Jogos de 2028: “Não está decidido, mas não está fora do debate”.

Paris e Los Angeles são “maravilhosas candidatas que nos deixam muito felizes, países tremendamente olímpicos com cidades com a infraestrutura praticamente acabada que nos fazem pensar em um futuro esplendoroso para estes Jogos. Mas são só dois”, lamentou.

Reduzir custos, eliminar obras supérfluas, reduzir “dramaticamente, a menos de um ano”, o processo de candidatura, ajudar à cidade candidata na defesa “do argumento contra os senhores do ‘não'”, são algumas das reformas que estudará a comissão de vice-presidentes do COI para analisar o problema da falta de candidaturas, completou Samaranch.

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“As candidaturas seguem custando caro demais, uma cidade não pode pensar em gastar menos de 3 ou 4 bilhões de dólares, em torno de 5 bilhões de dólares é um custo médio. Isso precisa diminuir”, continuou o dirigente espanhol.

Para muita gente, “os custos, as incertezas que podem aparecer ao longo do tempo (desde a atribuição da sede dos Jogos) fazem com que seja pouco aconselhável dedicar esses recursos” a este evento, ao invés de investir em outros projetos sociais.

– Sucesso da Rio-2016 –

O vice-presidente do COI avaliou em 3 a 4 bilhões de dólares o custo de organização dos Jogos, dos quais o COI aporta ajuda de cerca de 1.5 bilhão de dólares, reforçando que “nós colocamos o dinheiro no país e ajudamos em seu desenvolvimento”.

Samaranch insistiu que a Comissão precisa focar em revisar o sistema de concessão dos Jogos, com o “objetivo de tentar encontrar a melhor cidade para o evento”.

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“Seremos muito mais flexíveis”, completou Samaranch, para quem o objetivo é encaixar os Jogos Olímpicos no projeto de desenvolvimento a longo prazo da cidade candidata e não que esta se modifique pensando no evento.

O vice-presidente do COI defendeu também os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, afirmando que “foram uma grande edição dos Jogos” em um país que, quando foi escolhido sede, “era o mais rico”, mas durante a organização foi vítima de uma dura crise econômica.

“Estes senhores fizeram os Jogos, foram em frente. Houve verdadeiros heróis, como o (hoje ex-prefeito) Eduardo Paes. Eles conseguiram e foi um grande sucesso”, concluiu.

gr/psr/am