Três obras primordiais da história literária de Santa Catarina acabam de ser lançadas pela Editora Unisul na inédita Coleção Autores Catarinenses. Embora simples, as edições contemplam títulos de difícil acesso ou raros, como Assembleia das Aves, de Marcelino Dutra (1809-1869), o primeiro da série. O livro é considerado inaugural da literatura do Estado, publicado em 1847. Os contos Mares e Campos – Quadros da Vida Rústica Catarinense (1895), de Virgílio Várzea; e Arcaz de um Barriga-Verde (1930), de José Boiteux, completam o trio.

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Desde A Literatura dos Catarinenses, de Celestino Sachet, lançado em 2012, a editora vem buscando a valorização histórica. A obra do estudioso, atualmente com 84 anos, é um painel completo e fundamental da produção ficcional catarinense em poesia, prosa e teatro, com títulos catalogados desde 1847. É ele quem assina a seleção de autores para a nova coleção.

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– Trata-se de uma revisão histórica. Os três primeiros têm importância para a memória de seu tempo – explica Sachet.

Assembleia das Aves, por exemplo, apresenta em versos o contexto político catarinense na época e a simbiose entre o embates ideológicos do século 19 e a cultura literária. É dividida em quatro cantos, cada um com 33 estrofes de quatro versos.

– Segue o modelo que já havia na história na época, como Os Lusíadas (1572), de Camões. Representa um espaço que estava se abrindo. Antes de Dutra se escrevia, mas não se publicava. É pequeno e modesto, mas é o primeiro texto em livro – complementa.

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Virgílio Várzea (1863-1941) é o segundo autor da coleção. É reconhecido como o introdutor do marinhismo na literatura brasileira e por ter deixado obras com informações valiosas sobre o passado da Ilha de Santa Catarina. Em Mares e Campos, ele narra em contos o cenário, os costumes e os tipos humanos da região de Canasvieiras, em Florianópolis.

– Várzea abre outra página na literatura catarinense, o chamado realismo, que procura captar a realidade da passagem do século por meio da ficção – diz Sachet.

Arcaz de um Barriga-Verde, o terceiro da coleção, segue a mesma fórmula de ficção histórica de Dutra e Várzea. Os nove contos descrevem ações de personagens ilustres que passaram pelo Estado entre 1760 e 1887.

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LIVROS DISTRIBUÍDOS EM BIBLIOTECAS

Até março serão lançadas mais sete obras da coleção, totalizando 20 títulos no final do ano – 13 dos quais bancados com ajuda de cerca de R$ 100 mil do Governo do Estado. Serão gratuitos e distribuídos para bibliotecas públicas, escolas e universidades. A partir de fevereiro, os três primeiros já estarão disponíveis.

– O objetivo é a valorização da cultura de Santa Catarina, começando pela literatura – diz o diretor da Editora Unisul, Laudelino José Sardá.

Próximos lançamentos:

– João Silveira de Souza (1824-1906): Minhas Canções, de 1849

– Luiz Delfino (1834-1901): Algas e Musgos, de 1927)

– Duarte Paranhos Schutel (1837-1901): A Massambu, de 1860)

– José Cândido Lacerda Coutinho (1841-1900): Quem Desdenha Quer Comprar, de 1868

– Delminda Silveira (1854-1932): Cancioneiro, de 1914

– João da Cruz e Sousa (1861-1898): Broquéis, de 1893

– Juvêncio de Araújo Figueiredo (1864-1927): Praias da Minha Terra, de 1960

– Ildefonso Juvenal da Silva (1894-1965): Contos de Natal, de 1939