Mais de um ano após a contratação, as obras na BR-282, que liga o Extremo-Oeste a Florianópolis, caminham a passos lentos.As obras para implantação de terceiras faixas e defensas metálicas na rodovia foram iniciadas em apenas um dos três trechos. Nos demais, as empresas têm priorizado serviços de roçada e operações tapa buracos.

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É o que mostra um estudo da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), divulgado ontem em Florianópolis. Conforme a pesquisa, pouco se avançou na recuperação dos trechos que ligam Campos Novos a São Miguel do Oeste.

Sem reparos há anos, a BR-282 vem mostrando evidências de esgotamento. A rodovia – pela qual passam cerca de 1,1 mil carretas de 30 toneladas por dia – serve de rota para produtos da cadeia industrial instalada no Oeste, que abrange carnes e insumos.

Devido às péssimas condições, em janeiro de 2013 o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) dividiu os trechos em três partes, na qual cada empresa é responsável pela construção de melhorias como terceiras faixas, acostamento, defensas metálicas, recuperação do pavimento e sinalizações, nos respectivos trechos.

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O prazo para a conclusão das obras é de cinco anos. Porém, segundo o estudo da Fiesc, até agora foram feitos apenas serviços de roçada e tapa buraco nas regiões.

– O serviço foi contratado para amenizar os acidentes. O mais importante são as obras de recuperação, mas nada disso foi feito – observa o engenheiro Ricardo Saporiti, contratado para fazer análise.

Ele chama a atenção para o cronograma apertado, mas acredita que ainda há tempo. O estudo foi encaminhado ao Ministério dos Transportes e, em maio, o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte, pretende ir a Brasília para cobrar soluções do ministro César Augusto Borges.

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– Se tivermos rodovias em melhores condições, teríamos um custo menor com logística e mais competitividade – destacou o presidente da Fiesc.

Segundo Côrte, hoje é mais caro transportar uma mercadoria de São Miguel do Oeste até o porto de Itajaí do que de lá para Europa.

O DNIT informou que as obras estão dentro da normalidade e só irá se manifestar sobre o estudo após receber oficialmente o documento.

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Investimentos migram para outros Estados

O alto custo dos produtos por conta das condições precárias da BR-282 tem causado dor de cabeça entre os empresários catarinenses. Segundo o presidente da Aurora Alimentos, Mario Lanznaster, a demora no transporte aumenta entre 10% e 15% o custo dos produtos. Além disso, a indústria tem optado por investir em outras regiões.

Lanznaster diz que a empresa pretende investir cerca de R$ 100 milhões em São Gabriel do Oeste, no interior do Mato Grosso do Sul até 2015.

– As grandes industrias não investem mais aqui. Podem otimizar, mas não investir.

Segundo Ricardo Saporiti, consultor da Fiesc, o estudo que define a necessidade de duplicação entre Lages e São Miguel do Oeste também tem dificuldades para sair do papel. Com o resultado da licitação divulgado há um ano e a conclusão prevista para junho, somente agora começaram as primeiras pesquisas na região para ver se há viabilidade ou não de duplicação.

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A BR-282 é a principal via de transporte de pessoas e produtos de uma grande parte de SC. São 3.822 indústrias no Oeste, que empregam 255 mil trabalhadores. O PIB destas regiões supera os R$ 20 bilhões e as exportações chegaram US$ 377 milhões no ano passado, segundo a Fiesc.