Até o fim de junho, estão previstas obras de preservação em quatro imóveis históricos de Jaraguá do Sul: a Casa Lili Friedel, no bairro Amizade; a Casa Eurides Silveira, em Nereu Ramos; a Igreja Luterana de Santa Luzia; e a antiga Escola Elza Granzotto Ferraz, ambas no bairro Santa Luzia.

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Todos foram contemplados por meio do Fundo Municipal de Cultura de Jaraguá do Sul, aberto em março. Serão cerca de R$ 150 mil, que as famílias e a comunidade vão receber para para restaurar e recuperar os bens tombados.

Três imóveis receberam recursos em etapas anteriores do programa e agora será dada continuidade às restaurações. A única que será beneficiada pela primeira vez é a Escola Elza Granzotto Ferraz, que vai receber R$ 44,8 mil .

O mesmo valor será recebido pelos donos das casas Lili Friedel e Eurides Silveira, que tiveram as obras iniciadas em 2011 e 2012. A Igreja Luterana de Santa Luzia receberá um repasse menor, de R$ 16 mil, porque as melhorias estão na fase final. A restauração começou há três anos.

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Desde 2010, quando o edital começou a distribuir verba, foram beneficiados cerca de dez projetos através do edital de preservação do patrimônio histórico. Hoje há 53 imóveis tombados pelo município.

-Do ponto de vista público, significa que toda a comunidade é responsável pela preservação. Além de manter a memória viva, esses imóveis também podem servir de base para projetos turísticos-, diz o chefe do setor de patrimônio histórico, Egon Jagnow.

As obras aprovadas pelo edital de preservação do patrimônio histórico são fiscalizadas pela Fundação Cultural para que seja preservado o estilo original. A exigência vale para os imóveis recuperados com recursos próprios. Os imóveis tombados recebem isenção de impostos municipais.

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A implacável ação do tempo

Construída em 1955, a antiga Escola Estadual Elza Granzotto Ferraz, no bairro Santa Luzia, chegou a atender cerca de 350 alunos até dezembro de 2009, quando foi desativada e um novo prédio foi inaugurado no mesmo terreno.

A notícia de que a instituição vai receber recursos para ser recuperada veio como um alívio para o professor de história Pedro Daniel Demarchi dos Santos. Não é para menos: as janelas estão depredadas e as paredes cobertas pelo mofo. O telhado tem goteiras e a cobertura de madeira do pátio, da década de 1980, desabou há sete meses.

Funcionário da instituição há nove anos, Pedro foi responsável pela criação do projeto de recuperação do imóvel, junto com um voluntário da comunidade.

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Os R$ 44,8 mil obtidos por meio do projeto serão utilizados para recuperar a cobertura. O historiador avalia que serão necessárias pelo menos cinco etapas para a obra ser concluída.

-Essa escola faz parte da memória coletiva da comunidade e, por isso, merece ser preservada-, defende o professor.

Pedro diz que a intenção é transformar o prédio, tombado em 2012, em um centro cultural assim que for recuperado. A ideia é oferecer atividades extraclasse como jogos, teatro e aulas de informática para crianças e adolescentes da comunidade.

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Cinco gerações depois

Dona Lili Friedel, 65 anos, olha orgulhosa para a casa enxaimel de quase 90 anos que já abrigou cinco gerações da mesma família. Construída em 1924 por Alberto Friedel, avô do falecido marido, a residência na rua Roberto Ziemann começou a ser restaurada em 2011.

Para refazer o fundamento, danificado pela ação do tempo, a casa foi desmontada e remontada. No ano passado foram recolocados os tijolos decorativos e o assoalho, restaurado o telhado e rebocadas as paredes. Neste ano, o recurso será destinado à pintura e recolocação de janelas e portas.

Além dos cerca de R$ 80 mil já investidos na restauração, a família bancou cerca de R$ 11 mil com a impermeabilização e pintura das telhas e da madeira. Assim que for restaurada, a residência onde Lili morou com o marido e os dois filhos por seis anos, vai abrigar a neta, de 23 anos. A família pensa em abrir a casa para visitação turística.

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Há quatro anos, a família tinha decidido demolir a casa para construir uma nova residência no local. Dona Lili conta que a moradia só não foi para o chão porque, um dia antes da demolição, a Prefeitura trouxe um documento informando que a residência havia sido tombada.

-Fiquei aliviada, porque eu não queria que fosse derrubada-, diz.