Ao chegar no Centro de Biguaçu, já na Praça Nereu Ramos — um dos principais pontos de referência da cidade — é possível avistar um prédio alto, sem pintura, como se estivesse ainda em construção. O imóvel fica na Rua São José e deveria estar abrigando a sede da Câmara de Vereadores e também salas da prefeitura de Biguaçu. A obra está parada há pelo menos cinco anos e ainda não há uma previsão para a entrega completa do espaço.
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Márcio Lourenço Raimundo, 47, zelador, acompanhou a obra do que seria o novo centro administrativo de Biguaçu desde seu fundamento. Viu o prédio ganhar seis andares, vidraçarias e até letreiro: Câmara de Vereadores Professor Lauro Locks.
— Ficou praticamente pronto e sumiram. Foi construído com o dinheiro do povo. É muito descaso — lamentou o zelador.
— É mais um elefante branco em Biguaçu — complementou ainda uma moradora da Rua São José, que preferiu não se identificar.
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O programador Márcio de Agostinho, 37, também acompanhou parte da obra, como cidadão. Para começar, ele ainda não entendeu por que precisaria de um prédio tão grande para abrigar a Câmara. São aproximadamente três mil metros quadrados de área. E por segundo, o morador questiona o abandono e o uso de dinheiro público, novamente, para recuperar o espaço.
— Já está com infiltração. Antes de inaugurar terão que reformar. Não faz sentido — observou.
Vistoria está sendo realizada
De acordo com o atual presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Angelo Ramos Vieira (PSD), a obra iniciou em oito de novembro de 2011 e foi paralisada assim que a crise econômica começou a apertar os cofres públicos, em 2013. Ele assumiu a presidência da casa neste ano e conseguiu autorização para contratar uma empresa que fará uma vistoria na obra. O objetivo é saber quanto será preciso desembolsar para entregar o prédio.
— O custo total da obra, naquela época, seria de cerca de R$ 3 milhões. Foram pagos cerca de R$ 1,1 milhão até agora, sendo que a Casa tem uma dívida com a empresa responsável de cerca de R$ 1,9 milhão ainda. Sentei com os responsáveis pela empresa e eles indicaram que com juros, inflação, e para encerrar a obra, custaria mais R$ 5,182 milhões — explicou o presidente.
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O valor assustou os vereadores, por isso a necessidade de contratar uma consultoria. Uma empresa de engenharia está produzindo um laudo com todos os detalhes da obra para entregar para a Câmara.
— Nós não somos peritos para concordar que o término da obra vale mais R$ 5 milhões. Se com essa vistoria já conseguirmos economizar R$ 1 milhão, estaremos fazendo economia — explicou.
Laudo pronto em 20 dias
Angelo acredita que em torno de 20 dias o laudo da vistoria deve ficar pronto. Somente com o documento em mãos ele poderá avaliar com os demais vereadores o que será feito. Dinheiro em caixa, não há. Mas ele acredita em uma possibilidade de permutas, com apoio da prefeitura de Biguaçu. Ou seja, a prefeitura pagaria à empresa com terrenos públicos. Mas nada disso está confirmado, são apenas hipóteses levantadas informalmente.
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— Quem sabe nós conseguimos liberar primeiro três andares, para a Câmara assumir o espaço. E depois encerrar o restante das obras — observou o presidente.
O prédio será dividido entre a Câmara, que ocupará os três primeiros andares, e os outros três serão oferecidos para secretarias da prefeitura, que também tem hoje um espaço reduzido.
Atualmente, a Câmara de Vereadores fica num local improvisado na Rua Hermógenes Prazeres, junto a um centro comercial. O aluguel é de cerca de R$ 13 mil.
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