Mais de sete anos depois de serem paralisadas, as obras de construção do contorno ferroviário da EF-485, ferrovia que liga Mafra a São Francisco do Sul passando por Guaramirim, Joinville e Araquari, tem chances de serem retomadas em 2019. Elas estão listadas pelo governo federal para o próximo ano, segundo a Lei Orçamentária Anual (LOA) divulgada em 31 de agosto, depois de passarem 2018 sem recursos.
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Demanda histórica na região Norte de Santa Catarina, a transposição do contorno ferroviário para que o percurso do trem de cargas não ocorra mais na área urbana das cidades começou a ganhar forma no início da década passada, com produção do relatório de impacto ambiental e de pesquisas para o projeto executivo. Quando estiver pronto, o novo traçado da linha férrea reduzirá o percurso atual até o porto de São Francisco do Sul em 29% e diminuirá o impacto na vida da população, que convive com o barulho, a insegurança e os problemas de mobilidade que ele causa ao passar por dentro dos bairros.
A LOA prevê liberação de até R$ 26 milhões para as obras em Joinville e R$ 27,5 milhões para São Francisco do Sul – o investimento total para cada projeto é de R$ 286 milhões e de R$ 167 milhões, respectivamente, entre estudos, projetos e execução.
Moradores convivem diariamente com a passagem do trem em Joinville
Projetos estão sendo revisados
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Parte das obras ocorreu entre 2009 e 2011 em Joinville (e por mais alguns meses em São Francisco do Sul), mas foram interrompidas depois que um dos trechos, na zona rural joinvilense, apresentou problemas de estabilização no solo, fazendo com que precisasse de novos estudos. Por fim, foi constatado que a solução para fundação desses aterros levaria a um acréscimo de 25% no valor original do contrato, obrigando a rescisão contratual com as empresas e o lançamento de uma nova licitação.
Saiba como ficará o traçado da linha de trem na região Norte de SC
Desde 2016, uma empresa contratada pelo DNIT desenvolve trabalhos para apresentar novas soluções geotécnicas para superar os problemas no – solo mole -, causado pela proximidade com o rio Piraí. De acordo com o órgão federal, a previsão de entrega da edição final é para o fim deste ano. As licenças ambientais também já estão em processo de análise para liberação. Depois de audiências públicas em 2017, algumas mudanças foram feitas no traçado que passa por Araquari, mas como o projeto do trecho que passa pela região de Joinville não foi alterado, as obras executadas até a paralisação do contrato serão totalmente aproveitadas.
O projeto executivo das obras que passam por São Francisco do Sul está sendo revisado, com prazo expirando também no fim deste ano. Segundo o DNIT, a reavaliação das obras em dois trechos foi necessária para atender aos pedidos da prefeitura e da administração do porto de São Francisco do Sul em relação a geometria e operações ferroviárias e rodoviárias. A cidade também recebeu sessões de audiência pública no ano passado.
— Participamos do processo e chamamos a população, que teve algumas solicitações contempladas pelo órgão federal nas audiências públicas, principalmente no (bairro) Paulas, onde há uma zona de interferência bastante grande. Esperamos que no segundo semestre de 2019 a obra seja retomada — afirmou o prefeito de São Francisco do Sul, Renato Gama Lobo.
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Segundo ele, a Defesa Civil do município já foi acionada para fiscalizar um viaduto que faz parte do pacote do contorno ferroviário. Como foi construído há mais de oito anos, começa a apresentar problemas de estabilidade.
— Estamos fazendo a fiscalização devida para verificar se ela dá condições da população passar por baixo, afinal, há um desvio da SC-415 que passa por ali — disse.
A prefeitura de Joinville afirmou, por meio de nota, que espera que os projetos tenham um andamento ágil e que as medidas possam ajudar na melhoria da mobilidade urbana.
CONTRAPONTO
De acordo com a Prefeitura de Joinville, a área é de responsabilidade da concessionária, que deve fiscalizar e fazer a manutenção da malha ferroviária, de suas instalações e seus equipamentos.
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Em nota, a Rumo Logística – empresa concessionária – destacou que as ferrovias de carga do mundo inteiro funcionam 24 horas por dia e que a companhia apoia todas as iniciativas que possam ser adotadas para eliminar os conflitos urbanos nos municípios. Em relação ao contorno ferroviário, a empresa faz o acompanhamento dos processos, mas todas as questões referentes à tramitação do projeto são do DNIT. Mais de 40 mil vagões chegaram a São Francisco do Sul entre janeiro e agosto de 2018, que corresponde a mais de 2 milhões de toneladas de soja e milho descarregadas no Porto.