Na semana passada, o fotógrafo Bruno Vieira registrou, da sacada de casa, a situação das obras da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e da Policlínica do Bairro Forquilhinha, em São José, onde mora. Fazia mais de 20 dias que ele não via ninguém por lá. A foto, que mostra estacas recém sendo erguidas e fundações inundadas pela água da chuva ganhou as redes sociais e transformou a situação em piada.

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– Em vez de Policlínica, ganhamos um parque aquático – brincou o operador de caixa Leonardo Ortiz, 19 anos.

– Vocês que não entenderam: natação também é saúde – ironizou uma pessoa no Facebook.

Em construção há quase um ano e meio, o prédio – que abrigaria as duas unidades – nem saiu do chão. Aos olhos de quem passa pela Rua Vereador Arthur Manoel Mariano, a geral do bairro, a impressão é de que a obra não tem progresso – principalmente porque deveria ter sido inaugurada em fevereiro, conforme prometia a prefeitura. No início de outubro, porém, os trabalhos pararam pela segunda vez. Na vizinhança, os moradores reclamam do descaso.

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– Tínhamos um parque aqui, onde o pessoal jogava bola e passeava. Derrubaram tudo para construir a UPA e nos deixaram sem nada. Só estragaram o nosso único espaço de lazer – lamenta o aposentado Paulo Afonso Cidral, 57 anos, que mora ao lado da obra.

Problemas na medição atrasaram repasse

O secretário de Infraestrutura de São José, Adilson de Souza, justifica que a obra não foi abandonada. O que motivou a paralisação (temporária, segundo ele), foi a falta de pagamento. Os recursos do projeto – todos federais – não teriam sido liberados, neste mês, pela Caixa Econômica Federal. Sem receber, a empresa responsável pela obra da UPA paralisou os trabalhos.

Caixa diz que havia problemas

A Caixa garante que o pagamento não foi feito devido a problemas na obra. Em nota, o órgão afirma que os repasses previstos conforme o cronograma somente são efetuados quando a obra está de acordo com o projeto, o que não teria sido o caso. Novamente, a obra teria emperrado nas medições do prédio. “Sempre que a Caixa recebe um boletim de medição, encaminha um engenheiro à obra para verificar e emitir um relatório de acompanhamento. Com base nesse relatório, são feitas as comunicações pendentes à prefeitura e solicitadas as providências necessárias à regularização. E isso ainda não foi feito”, diz a nota.

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Ficaram para 2013

A dois meses do fim do ano, a responsabilidade do fim das obras da UPA deve ficar para a próxima gestão municipal, a partir de janeiro. A prefeita eleita, Adeliana Dal Pont (PSD), afirma que a conclusão do prédio será prioridade na sua gestão (saúde foi uma das prioridades nas promessas de campanha).

– Esse é o tipo de obra de interesse da comunidade, que não pode ter partidos políticos. Gastou-se dinheiro público para fazer o projeto e dar início à construção – afirma Adeliana.

Entenda o caso

::: As obras da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e Policlínica de Forquilhinha começaram em maio de 2011, em um terreno ao lado do posto de saúde do bairro, onde antes havia uma pracinha para os moradores.

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::: A promessa da prefeitura era inaugurar o prédio em fevereiro deste ano, após nove meses de trabalho.

::: A primeira paralisação, porém, ocorreu poucos meses após a obra ter iniciado. O problema teria a ver com uma sucessão de erros – entre eles, uma aprovação inadequada do primeiro projeto entregue ao governo federal, quando o tamanho da fundação estava menor do que a estrutura do prédio.

::: Depois desse impasse, um novo projeto foi entregue e as obras recomeçaram em abril.

::: Em 2 de outubro, a cinco dias das eleições municipais, as obras teriam paralisado novamente. Desta vez, devido à demora no repasse de uma parcela dos recursos federais.

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Como vai ser

::: A UPA 24h e a Policlínica de Forquilhinha funcionarão em um mesmo prédio, com 4,7 mil metros quadrados de área.

::: O térreo e o primeiro piso serão destinados às atividades da UPA 24h, enquanto que o segundo e o terceiro andares receberão os atendimentos da Policlínica.

::: Ambas as unidades terão capacidade para atender cerca de 600 pacientes por dia – em consultas e atendimentos de urgência, atendimento odontológico, exames e diagnóstico, especialidades médicas, fisioterapia, farmácia, sala de curativos, exames, radiologia odontológica e odontologia especializada.

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::: O investimento soma mais de R$ 6,8 milhões, financiado pelo governo federal.

Fonte: prefeitura de São José