Depois de quase uma década, os catarinenses deverão ter acesso novamente a um dos prédios mais antigos de Florianópolis. A restauração da antiga Casa de Câmara e Cadeia, na Praça XV, deve ser concluída no final de abril, já o Museu da História da Cidade, que funcionará no espaço, está previsto para 2017. Um dos maiores entraves na reforma, que inicialmente deveria ser finalizada a tempo do aniversário de Florianópolis, comemorado nesta quarta-feira, foram as escavações arqueológicas nos fundos e no corredor de acesso ao local. Nos fundos da antiga casa foram encontrados objetos históricos como o pé de um banco, talheres e pedaços de cerâmica. Mas uma das descobertas mais significativas foram dois canhões de pequeno porte, que ainda estão em análise para saber se faziam parte da decoração ou para segurança.
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– Ainda estão sendo investigados para saber se eram elementos figurativos e de qual época. A ideia é fazer o tratamento das peças para que eles voltem para a edificação para serem expostas – explica a diretora de obras da secretaria de Obras de Florianópolis, Fernanda Driessen.
As peças estão sendo analisadas sob o comando do arqueólogo Osvaldo Paulino da Silva. No final de abril, a equipe deve emitir um relatório final sobre os objetos encontrados nos fundos do prédio histórico, onde será erguido um anexo de 225 metros quadrados com banheiros, elevador, escritórios administrativos e uma pequena cafeteria, que deve ter uma cozinha-escola. A construção desse espaço deve começar neste mês e deve ser finalizada até julho.

Enquanto isso, na restauração do prédio histórico falta apenas finalizar a pintura e colocar pisos e janelas, segundo o secretário de Obras de Florianópolis, Rafael Hahne. Nas obras de restauro, que começaram em setembro de 2014, foram modificadas inclusive as cores da fachada, que de rosa passou para amarelo. Integrantes do Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Município (Sephan) explicam que as cores foram definidas de acordo com características do início do século 20, quando a obra sofreu uma modificação, já que seria difícil voltar às características originais da construção, que data de 1771. Um dos diferenciais do local será uma abóboda de tijolos que ficará à mostra através de um piso de vidro e que faz parte da edificação original.
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– Este é o prédio não religioso mais antigo da cidade e até final de abril vamos entregar ao Sesc, que vai investir R$ 9 milhões para montagem e manutenção – explica o prefeito Cesar Souza Junior.
Para as obras da Casa de Câmara e Cadeia foram investidos R$ 5,9 milhões. A maior parte, R$ 4 milhões, veio do governo federal por meio do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). É o maior aporte do instituto em uma única obra de Florianópolis, segundo a superintendente do Iphan, Liliane Nizzola. O restante, R$ 1,9 milhão, veio da prefeitura.
O diretor regional do Sesc em Santa Catarina, Roberto Anastácio Martins, explica que a instalação do museu depende da entrega da obra, que está sob responsabilidade da prefeitura, e do andamento da licitação do projeto museográfico, mas deve iniciar ainda em 2016:
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— O Museu de Florianópolis é um marco na história da museologia do Estado, pois está sendo criado nas condições consideradas ideais por estudiosos da área, já que terá desde o início um plano museológico, centro de referência e memória, bem como um forte trabalho educativo e de mediação.

Histórico
A antiga Casa de Câmara e Cadeia é uma das três edificações mais antigas da cidade. Localizada junto à Praça XV, no Centro, foi construída entre 1771 e 1780, com o projeto do arquiteto Tomás Francisco da Costa. No piso inferior funcionava a cadeia e no superior, a Assembleia Legislativa Provincial. A cadeia foi desativada em 1930, com a inauguração da penitenciária na Agronômica, e o prédio ficou ocupado pelo legislativo até 2005, quando a Câmara Municipal de Florianópolis mudou-se para o prédio da Rua Anita Garibaldi. Ficou abandonado e chegou a abrigar moradores de rua.
Museu de História da Cidade
O museu deve retratar a história de Florianópolis desde o período pré-cabralino. Alguns ambientes previstos no Plano Museológico: salas de exposições de curta duração, Centro de Referência do Patrimônio Cultural de Florianópolis, espaço multiuso (auditório e espaço educativo), laboratório de conservação e restauração, cafeteria e loja. O número definitivo de salas será definido pelo projeto executivo museográfico, que está sendo licitado.
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