Blumenau terá em breve ao menos cinco grandes obras viárias ocorrendo simultaneamente nas regiões Leste, Oeste e Norte da cidade. São os viadutos e as pontes nos trevos da Mafisa e do Badenfurt, a duplicação da Rua Humberto de Campos, o binário da Rua Chile e a readequação da Rua Bahia. Todas fundamentais para melhorar a mobilidade urbana da cidade no Vale do Itajaí. Enquanto não ficam prontas causam preocupação em quem precisa se deslocar pelas ruas e avenidas do município diariamente. Assim como o desejo de que sejam executadas é grande, a vontade de escapar dos transtornos gerados no trânsito também.
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É o pensamento de Gabriel Cortez Aros. Ele se diz otimista com a recuperação da Rua Bahia. Sabe que os constantes congestionamentos, principalmente aos finais de tarde, devem aumentar, mas reconhece que é um inconveniente necessário. Como trabalha na via há 15 anos, desenvolveu estratégias para não ficar preso no engarrafamento e evitar agravar a situação para aqueles que precisam passar de qualquer forma pela região.
— Já venho trabalhar a pé umas três vezes por semana para fugir disso, e os colegas aqui também, muitos vêm de bicicleta — conta Cortez Aros, que é encarregado em uma empresa de peças de metal.
Para exercitar a paciência
Em um município com mais de 250 mil veículos, além da frota flutuante cortando a cidade, é difícil evitar a dor de cabeça ao pegar o volante, sobretudo porque as vias não se expandem na mesma proporção em que a quantidade de veículos se multiplica. Com as obras, o cenário se agrava. Os pontos que antes não tinham congestionamento agora têm ou terão, e nos locais com máquinas trabalhando a lentidão é certa, aponta o chefe da Guarda Municipal de Trânsito (GMT), Jailson Rogério Candido.
— São obras essenciais e vão dar mais fluidez ao tráfego de veículos, mas é preciso lidar com os problemas que pontualmente podem surgir para colher os frutos depois — defende.
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Fábio Campos, especialista em trânsito, sustenta que o primordial neste período é o planejamento. Acompanhar o cronograma das obras para saber em que trecho estão sendo executadas e rever horários e rotas são fundamentais para garantir que o deslocamento seja tranquilo. E o principal, destaca ele, respeito com quem também está no trânsito e à sinalização das obras, para evitar congestionamentos sem controle e acidentes. O alerta reverbera, pois a própria GMT afirma que não é possível manter agentes de trânsito em todos os pontos e reforça o papel do condutor para o bom fluxo.
O vice-prefeito e secretário executivo do Programa de Mobilidade Sustentável e Projetos Especiais, Mário Hildebrandt, diz que a prefeitura tem procurado equacionar o impacto gerado pelas obras. Ele cita como exemplo o encaminhamento dado na Rua República Argentina, onde os serviços possíveis foram realizados no período da noite. E atualmente, como os trabalhos não permitem isso, foram mantidas duas pistas para o tráfego de veículos. Na Rua Bahia, a ideia é a mesma, mas só se terá uma definição de como ficará o fluxo de veículos após o levantamento topográfico, em andamento.
— Teremos momentos em que o trânsito vai funcionar em sistema de siga e pare. O que vamos buscar é fazer isso nos horários de menor fluxo de veículos para tentar reduzir os transtornos — afirma Hildebrandt.
Segundo o secretário, o acompanhamento para que os serviços sejam concluídos dentro dos cronogramas e evitar que as dificuldades nas ruas se prolonguem além do previsto é diário. Para ele, prova disso é que as licitações, ordens de serviços e as próprias obras estão dentro do prazo estipulado. Um bom exemplo, argumenta, é a duplicação da Humberto de Campos, que tinha previsão de ser liberada em 30 de setembro, mas agora já há estimativa de que possa ocorrer no final de agosto com a primeira capa asfáltica. A camada definitiva será feita somente quando toda a obra estiver concluída, explica o chefe da pasta de mobilidade.
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— São várias obras ao mesmo tempo. Algumas coisas não gostaríamos de fazer, mas os recursos vieram e há um prazo de aplicação. A data limite determinada pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) é até 22 de agosto do ano que vem. Então, a gente tem uma necessidade de fazer as obras andarem conforme o previsto. Caso contrário, o transtorno poderá ser maior — explica Hildebrandt.
Rota de Lazer na Humberto de Campos
No domingo, os blumenauenses poderão conhecer de perto a obra de prolongamento da Rua Humberto de Campos. Das 9h às 13h, o trecho de quase dois quilômetros entre as Ruas Marechal Deodoro e General Osório ficará aberto para a Rota de Lazer. A prefeitura vai oferecer uma série de atrações ao longo do trajeto, como apresentações de teatro e de bandas, além de feira e serviços públicos. Um lado da pista ficará liberado para corrida, bicicleta e skate.
Investir em transporte público evitaria filas, diz especialista
Para a especialista em trânsito Márcia Pontes, os congestionamentos são reflexos da cultura do motorista voltada unicamente ao transporte individual e da falta de atenção do poder público ao transporte coletivo. Uma problemática que se acentua com o volume de obras ocorrendo ao mesmo tempo. Com cerca de 300 novos veículos na frota de Blumenau ao mês e a prefeitura reduzindo linhas de ônibus é fácil constatar as dificuldades enfrentadas no trânsito, critica ela.
— O motorista vê essas obras como milagrosas, mas a verdade é que elas estão atrasadas e logo que ficarem prontas não terão capacidade de fluidez — diz Márcia.
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Na visão da especialista, tudo passa por uma mudança no comportamento dos condutores até mesmo para que as novas obras tenham eficiência por mais tempo. É preciso que o motorista faça o uso racional do veículo, algo que pode ser praticado nesse período de intervenções no trânsito e se perpetuar como uma boa prática. Para ela, existe uma necessidade de reformar o pensamento sobre mobilidade, buscando formas alternativas de deslocamento e não depender tanto do carro. Segundo Márcia, as pessoas usam o veículo para ir a locais que estão muitas vezes próximos de casa e que o trajeto poderia ser feito a pé. Outros percursos também poderiam ser feitos de bicicleta. Para essas mudanças, ela aponta a necessidade de a administração municipal fazer o seu papel, com ciclovias e calçadas adequadas, por exemplo.
O vice-prefeito e secretário Executivo do Programa de Mobilidade Sustentável e Projetos Especiais, Mário Hildebrandt, contesta falta de incentivo apontada pela especialista. De acordo com ele, todas as obras em execução no momento priorizam os diferentes modais, com espaços qualificados para pedestres e ciclistas, bem como corredores de ônibus e a construção de dois novos terminais urbanos com bicicletários e estacionamentos.
Segundo o secretário, quando as estruturas estiverem prontas vão gerar, inclusive, uma reengenharia do sistema de transporte coletivo compreendendo possivelmente a criação de novas linhas. Ele adianta que solicitou uma reanálise das ciclovias existentes na cidade. A proposta é levantar o que falta para interligá-las.
O que dizem os especialistas
Márcia Pontes, Fábio Campos e Emerson de Andrade, três especialistas em trânsito, dão dicas para evitar aborrecimentos com as obras em curso na cidade. Algumas podem ser incorporadas de forma permanente. Confira:
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- – Acompanhar o cronograma de obras. Isso permite saber em qual trecho as equipes estão trabalhando e avaliar o impacto que ele terá no trânsito.
- – Buscar rotas alternativas. Muitas vezes elas representam um percurso maior,mas com fluxo no trânsito.
- – Ter paciência e respeitar as sinalizações das obras, evitando congestionamentos sem controle e acidentes.
- – Planejar horários e rotas. Se você precisa estar em um determinado local em um horário específico, a recomendação é sair com antecedência, prevendo os trechos em obras, e buscar caminhos diferentes.
- – Utilizar formas alternativas de deslocamento, sem depender tanto do veículo, como carona solidária, bicicleta e até mesmo ir a pé se o trajeto não for tão longo.
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Trânsito será impactado pelas obras na BR-470
As obras recém-iniciadas do lote 3 da duplicação da BR-470 também devem impactar no trânsito urbano de Blumenau. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o transtorno não será tão grande em virtude do planejamento dos desvios. Mesmo assim, os motoristas precisam buscar rotas alternativas.
Os trabalhos vão se concentrar em dois pontos. O primeiro deles, o trevo Mafisa, no km 51,1, onde está prevista a construção de três pontes e cinco viadutos. As principais intervenções serão dois viadutos e uma ponte próxima à saída da Rua 1º de Janeiro, além de uma ponte sobre o Ribeirão Itoupava. Um novo trecho também será construído entre a Rua Dr. Pedro Zimmermann e a Rua 1º de Janeiro, para dar acesso à BR-470. O viaduto atual da Mafisa será mantido e a rodovia continuará passando embaixo da estrutura, porém, com pistas duplicadas. Haverá também novos acessos à região da Itoupava Central.
A partir de maio, será implantado um desvio da rodovia pela Rua Dr. Pedro Zimmermann para permitir os trabalhos de duplicação na região do atual viaduto. O segundo trecho de obras será no trevo do Badenfurt, na altura do km 57,4, onde atualmente não há obra física, o que deve ocorrer no local apenas em abril. Para lá estão previstos quatro viadutos.
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Na prática, os acessos a Blumenau e Pomerode serão feitos por uma rotatória, com o fluxo da BR-470 passando por cima dos viadutos. Outras quatro pontes no trecho próximo ao trevo também precisarão ser executadas. Nesse local, a obra começa com trabalhos de drenagem em um trecho de 1,1 mil metros. Quando as novas galerias estiverem colocadas, a via marginal será pavimentada e servirá de desvio para o trânsito, permitindo a construção dos viadutos em si. A ordem de serviço para o lote 3 da duplicação da BR-470 foi assinada na segunda-feira, com investimento aproximado de R$ 50 milhões. O prazo contratual para o término dos trabalhos é de três anos, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT).
As obras
Binário da Rua Chile
? O que prevê: o projeto compreende um trecho de 4,2 quilômetros, desde a Ponte Governador Adolfo Konder até a Ponte José Ferreira da Silva. Estão previstos o prolongamento da Rua Chile e uma alça de retorno na cabeceira da ponte do Anel Viário Norte, além da readequação da Rua República Argentina.
? Frente de trabalho: as equipes trabalham no rebaixamento de 1,5 metro da pista abaixo da ponte do Anel Viário Norte, para permitir a passagem de caminhões e cargas mais altas. O trabalho será feito nas quatro pistas e deve levar 120 dias para ficar pronto. O trânsito no local funciona com apenas uma faixa por sentido. Paralelamente ocorre a construção de um muro de contenção na margem do Rio Itajaí-Açu e a implantação de uma rótula na região da Rua Luiz Eleodoro da Silva. Os serviços para a retirada do asfalto antigo e a aplicação da primeira camada de novo pavimento na Rua República Argentina foram concluídos.
? Quando iniciou: ordem de serviço assinada em agosto de 2017
? Prazo de conclusão: 12 meses
? Previsão de investimento: R$ 18.092.780,25
? Estágio: 18,23% concluído
? Rota alternativa: Rua Itajaí
Readequação da Rua Bahia
? O que prevê: a revitalização será feita entre a Ponte do Salto e o Complexo do Badenfurt, totalizando 3,8 quilômetros. O projeto prevê a substituição de todo o asfalto, o alargamento de alguns trechos, nova drenagem e passeio no lado direito, no sentido Centro. Contempla ainda calçada em paver no lado esquerdo, no sentido Indaial. Em alguns pontos haverá ciclovia e passeio compartilhado.
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? Frente de trabalho: levantamento topográfico
? Quando iniciou: ordem de serviço assinada este mês
? Prazo de conclusão: 10 meses
? Previsão de investimento: R$ 10 milhões
? Estágio: previsão de montagem do canteiro de obras ainda neste mês
? Rota alternativa: Ruas General Osório e José Deeck, mas é preciso observar o ponto de obra.
Duplicação da Rua Humberto de Campos
? O que prevê: a duplicação da via desde a Rua Sete de Setembro até a Rua Marechal Deodoro, compreendendo nova rede de macrodrenagem. O objetivo é aumentar a capacidade viária com vistas à continuidade do fluxo de veículos projetado para a obra de prolongamento da Rua Humberto de Campos. Serão três faixas por sentido entre a Rua Marechal Deodoro e a Rua Alberto Stein, com uma pista exclusiva para o transporte coletivo.
? Frente de trabalho: implantação da galeria pluvial. Enquanto a obra é executada no local, a Rua Humberto de Campos, no trecho entre o Parque Vila Germânica e o Terminal da Proeb, está interditada para passagem de veículos. Como medida provisória a prefeitura criou um corredor de ônibus pela Almirante Tamandaré, entre a Rua Alberto Stein e a Praça do Estudante. Uma pista no sentido contrário ao atual fluxo foi instalada e a passagem tem três faixas, duas no sentido Centro/bairro e uma no sentido oposto, para os ônibus.
? Quando iniciou: ordem de serviço assinada em agosto de 2017
? Prazo de conclusão: 2 anos
? Previsão de investimento: R$ 18.197.618,18
? Estágio: 17,61% concluído
? Rota alternativa: Ruas Almirante Tamandaré e João Pessoa
Fonte: Secretaria Executiva do Programa de Mobilidade Sustentável e Projetos Especiais