Antes de ficar debilitado, Tadeu Bittencourt costumava afirmar – com um sotaque carregado – que a arte constrói um mundo paralelo dentro do mundo e que ser artista é apenas uma questão de atitude. Foi com este pensamento e com uma personalidade forte que o artista plástico blumenauense, hoje com 60 anos, se expressou em três décadas de carreira artística, passando por diversas fases. Ao longo desses anos, produziu obras significativas, como a intervenção O Embrião, que fica na rotatória da Rua João Pessoa com a General Osório, fez amigos, colegas e principalmente admiradores que, unidos, se mobilizaram e criaram o SOS Tadeu, leilão solidário com 66 obras que ocorre na segunda-feira, às 19h, e que terá a renda revertida para o artista.

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– O Tadeu é um artista muito representativo para Blumenau e para Santa Catarina. Sempre questionador, em suas obras contemporâneas ele se expressou artisticamente de diversas formas. Venceu prêmios importantes e participou de galerias de arte de renome – conta Mia Ávila, gerente do Museu de Arte de Blumenau (MAB), que sedia o leilão.

Desde dezembro, quando passou por cirurgias para a retirada de tumores no cérebro, Tadeu está impossibilitado de produzir. Obras raras, algumas produzidas especialmente para o leilão, foram coletadas em Brasília, Curitiba, Florianópolis e pelo Vale do Itajaí. Entre os artistas que doaram seus trabalhos para ajudar o amigo está Urda Alice Klueger. Além de contribuir com uma série de livros autorais, a escritora blumenauense ainda reuniu obras de outros autores catarinenses que tinha no acervo para ajudar Tadeu:

– Eu lembro do Tadeu falar algumas vezes que ia deixar Blumenau. Chegava a vender quadros para bancar a viagem e acabava ficando. Ele também se mostrava um eterno apaixonado pela mulher, Beybe – conta Urda ao lembrar dos papos que os dois tiveram ao longo da vida.

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As responsáveis pela organização do leilão, Noemi Kellermann, Rosane Magaly Martins e Mia Avila, avaliam o acervo como sendo de extrema relevância não só pela qualidade dos trabalhos comercializados, como pela oportunidade de adquirir uma obra _ por até 50% do valor real _ e ser solidário com o artista. O leilão será liderado pelo leiloeiro Jefferson Zampieri, que abriu mão de seus honorários em prol da ação.