Após nove meses de trabalhos, a construção da nova ponte de Gaspar, no Vale do Itajaí, que fará a ligação entre a Rodovia Jorge Lacerda e a BR-470, foi paralisada pela empresa responsável. A falta de pagamento de quase R$ 8 milhões fez com que a Aterpa M. Martins reduzisse em 50% o número de funcionários e ordenasse aos operários o recolhimento dos equipamentos do canteiro de obras. Foi o que ocorreu nesta segunda-feira. Assim, a Ponte do Vale soma-se a outras obras públicas sobre o Rio Itajaí-Açu paralisadas por falta de verbas. Porém, especialistas apontam para a falha de gestão como fator principal que leva aos constantes atrasos.
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Em Ilhota, a ponte iniciada em 2009, e com previsão para conclusão em 2011, só deve ser entregue em março do ano que vem. Em Blumenau, a Ponte do Badenfurt passa por problemas semelhantes e já teve o prazo para término adiado por duas vezes. Histórias que repetem a da Ponte do Tamarindo, também em Blumenau, que levou sete anos para ser concluída, em 1999.
Administradores públicos colocam a culpa em fatores como a burocracia, falta de recursos e o clima, mas o especialista em Direito Administrativo e presidente da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Blumenau, Cesar Wolff, reforça que a falta de recursos para dar continuidade à obra, como está ocorrendo em Gaspar, é reprovada pela Lei de Licitações:
– Uma licitação nunca poderia ser aprovada, e muito menos deflagrada, sem que estivessem garantidos todos os recursos necessários para a conclusão. Esse é um mau hábito de iniciar obras sem previsão orçamentária e de recursos. É uma ofensa à Lei de Licitações.
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Por outro lado, o prefeito de Gaspar, Celso Zuchi, afirma que a burocracia é a responsável pela suspensão dos trabalhos. Segundo ele, foi necessário iniciar a construção em junho do ano passado para evitar que fossem perdidos R$ 19,5 milhões do Ministério das Cidades, via Frente Parlamentar Catarinense. Ao mesmo tempo, Zuchi assumiu o risco de ter que parar a obra ao assinar um documento dizendo que arcaria com o restante dos R$ 42 milhões previstos para concluir a estrutura. O valor que ainda falta para terminar a ponte está em outra emenda da Frente Parlamentar, prevista no Orçamento da União de 2013, sancionado na última semana. Para que o dinheiro chegue aos cofres do município, entretanto, a previsão do prefeito é de até três meses.
– O nosso problema não é a falta de recursos, é a parte burocrática. A obra deve parar, sim. Eu acho que se a obra parar por até três meses, será garantido o prazo de entrega (31 de dezembro de 2013) – garantiu.