Obra no Mercado de Florianópolis busca resgatar detalhes originais do prédio

O Mercado Público de Florianópolis deve passar por uma reformulação até julho do ano que vem. As obras são complexas, principalmente porque o prédio é patrimônio histórico municipal, tombado em 1984. Além de adaptar todo o espaço ao novo mix, a intenção da prefeitura é recuperar as características do prédio original, que sofreu intervenções dos comerciantes e desgaste do tempo. O projeto arquitetônico das duas alas e do vão central está pronto desde 2010, no entanto, apenas parte foi executada pela antiga administração para atender às normas do Corpo de Bombeiros.

Até junho deste ano, as alas não tinham Habite-se e não estavam de acordo com regras de prevenção de incêndio. O projeto foi retomado neste ano e adaptado, unindo modernidade e resgate histórico. A ala norte é a primeira a receber a intervenção. Na próxima semana, a Secretaria Municipal de Obras deve fechar o cronograma completo da reforma em parceria com a empresa vencedora da licitação, a JK Engenharia. Mas o secretário-adjunto, Domingos Zancanaro, adianta que assim que o canteiro de obras – tapumes montados para interdição da ala e colocação de materiais – estiver pronto, serão iniciadas as demolições.

Estão previstas demolições em sete boxes da ala. Logo após o procedimento, iniciam-se as construções de paredes. Zancanaro explica que essas são as primeiras etapas, porque possibilitam que os novos concessionários possam ir até o local, avaliar o espaço e contratar o projeto específico para o box. As redes hidráulica e elétrica sofrerão intervenções principalmente após a entrega dos projetos.

– Precisamos saber, por exemplo, quantas tomadas irão precisar, se vão usar ar-condicionado e qual será o tipo. Só assim poderemos executar e adaptar os sistemas – explica.

Por esse motivo, todas as terças, quartas e quintas-feiras, os novos comerciantes estão sendo atendidos pela secretaria, recebendo instruções e ficando a par das regras estabelecidas pela prefeitura para as obras. Todos os projetos serão avaliados pela Secretaria de Obras e pelo Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Município (Sephan), vinculado ao Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf). Com poucas adequações, os serviços na ala norte devem ficar prontos em março de 2014.

Mudanças para acabar com irregularidades

A ala sul receberá a obra mais complexa. Zancanaro afirma que não será possível deixar a ala completamente funcional no período das adequações. Uma possibilidade é que metade da ala seja fechada, para depois iniciarem-se as obras na segunda parte. Segundo ele, toda a laje, estrutura que separa o primeiro do segundo andar, será alterada. Atualmente alguns boxes têm até três andares, construídos irregularmente. Para que a mudança seja possível, serão construídos mais de 50 pilares de sustentação. Partes do telhado terão que ser removidas e após recolocadas.

– Temos muitas demolições previstas e construções de paredes. Como a laje vai ser reformulada, nem todos os boxes poderão usar o segundo andar – observa Zancanaro.

Sendo assim, o que hoje é uma bagunça no Mercado Público vai ser regularizado. Os bares e restaurantes poderão usar o segundo andar, mas apenas com a avaliação da prefeitura. Banheiros e vestiários nos boxes estão proibidos. Zancanaro afirma que foram projetados dois banheiros exclusivos para os funcionários das peixarias, inclusive com chuveiros.

Valorização do vão central

Uma rua no meio das alas foi a solução encontrada na época da construção da ala sul para escoamento de produtos. De acordo com Lilian Mendonça, arquiteta da Prospecta, empresa que fez o projeto de restauro do Mercado Público, o vão central torna o Mercado Público de Florianópolis um modelo singular no Brasil.

Com o fechamento da via para carros, o vão central virou um espaço de convivência desorganizado. No entanto, as brigas entre pedestres e mesas de bares e restaurantes não vão mais ocorrer no novo Mercado. O vão central sofrerá alterações para explicitar as limitações de atividades. Serão construídas calçadas e pavimentação especial para deficientes visuais.

O paralelepípedo existente hoje, original da construção do Mercado, será retirado e recolocado. Em algumas áreas, onde ficarão as mesas, serão substituídos por placas de concreto. Luzes no chão separarão o passeio da área reservada à gastronomia. No final de todas as adaptações, o Mercado ganhará nova pintura com a mesma cor amarela, já gasta pelo tempo.