Ao palco, música e encenação. Nos bastidores, correria e força. Durante o Musical Orfeu 21, apresentado no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau, no ano passado, a troca de cenários levava de 10 a 12 minutos com um sistema de varas manuais. Técnico em iluminação Sidnei Rocha Cordeiro, 42 anos, conta que eram necessárias três pessoas para puxar um cenário de 100 quilos. Dependendo do espetáculo, a troca é feita de três a quatro vezes num período de uma hora. Essa rotina – tanto da equipe de bastidores quanto de artistas – mudará a partir de fevereiro no palco do auditório Heinz Geyer. Com a reforma que ocorre na caixa de cênica – ou, para os leigos, a reforma do palco -, prevista para encerrar dia 10 de fevereiro, tais equipes utilizarão metade do tempo para troca de cenário e apenas uma pessoa será necessária para operar as varas.
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– Com certeza, o trabalho melhorará bastante em termos de agilidade e funcionamento. A iluminação será mais segura com o novo sistema de fiação, além de não ser mais necessária tanta força – afirma Cordeiro, que trabalha há cinco anos no teatro, na montagem do palco e como técnico em iluminação.
O atual sistema está em funcionamento desde 1942. As oito varas manuais – cinco de cenário e três de iluminação -, com polia de madeira e cordas de sisal, serão trocadas por um sistema de aço com até 30 varas. Dessas, seis são de iluminação e 24 de cenário, o que possibilitará o armazenamento e a troca destes com mais agilidade. O novo sistema de contrapeso pode erguer até 11 toneladas.
Do ponto de vista de espectador, as mudanças serão pouco perceptíveis: apenas na vestimenta cênica, ou seja, os tecidos que revestem o palco. Segundo o coordenador cultural do Teatro Carlos Gomes, Rodrigo Dal Molin, o maior benefício da reforma será para o artista, mas, com certeza, a plateia também será afetada positivamente:
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– Já deixamos de receber grandes espetáculos por conta da complexidade deles e de não termos a estrutura necessária. Agora, podemos expandir ainda mais nossa agenda, com grandes peças e num curto espaço de tempo, pois o cenário já poderá ser pré-montado.
Para colocar os trabalhos da reforma em prática, foram feitas visitas técnicas a salas de teatro e foi escolhida a empresa Arte in Cena, responsável pelo auditório do Ibirapuera, de São Paulo (SP), e pelo Teatro de Pomerode, entre outras salas do país.
Estrutura para grandes espetáculos
O técnico em iluminação cênica Cordeiro lembra que uma das montagens mais demoradas foi a do espetáculo Dona Flor e Seus Dois Maridos, durante o Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (Fitub), em julho, que durou das 8h às 18h, dificultada não só pela estrutura, como pela própria linguagem técnica com o grupo israelense. Entre as montagens mais rápidas, estão os concertos de piano. Se a apresentação está marcada para às 20h, a luz pode ser montada a partir das 17h.
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– O teatro é um vício, um vício bom. É muito prazeroso. O agradecimento do público vale mais do que qualquer coisa. A peça pode ser ruim para todo mundo, mas pra mim sempre será maravilhosa. Aquelas que dão mais trabalho, fico mais ansioso para conseguir acompanhar a apresentação dos bastidores. No teatro, tudo chama a atenção. Aprendemos todo dia – comenta Cordeiro, entre sorrisos.
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