Iniciada em 2012, a construção da nova ala do Hospital Marieta Konder Bornhausen, em Itajaí, ainda não teve o projeto aprovado pelo Corpo de Bombeiros Militar. A informação é do tenente-coronel Sérgio Murilo de Melo, que comanda a corporação no município, ao justificar os motivos pelos quais as obras foram embargadas pela instituição na segunda-feira.

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Segundo o tenente-coronel, o projeto de construção do Complexo Madre Tereza passou por quatro avaliações nos últimos três anos. Em todas foram encontradas irregularidades.

– Eles (hospital) já sabiam, isso foi conversado algumas vezes, mas como ainda não tínhamos o poder de polícia (aprovado em 2014), acredito que eles não pensaram que chegaria a este ponto – afirma Melo.

As irregularidades apontadas pelos bombeiros estão na saída de emergência, nas instalações de gás e na proposta de construção do heliponto. O chefe da Seção de Atividades Técnicas da instituição, Rafael Giosa Sanino, ressalta que os problemas foram encontrados nos projetos, não na obra em si.

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– É uma questão de formalidade para não impedir a concessão do Habite-se futuramente – afirma.

Segundo o comandante, se durante a vistoria da obra pelos bombeiros o projeto e a construção apresentarem diferenças, a instituição não pode liberar o documento que autoriza a ocupação da construção.

– Estamos preservando a vida e o patrimônio. Para nós não há distinção. A fiscalização é igual para o público e o privado – diz Melo.

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Em caso de violação, o hospital pode pagar multa de R$ 10 mil por dia aos bombeiros.

Novo projeto até o fim da semana

Para que a obra seja liberada o mais breve possível, cinco engenheiros responsáveis pela construção passaram esta terça-feira na sede do Corpo de Bombeiros em reunião com a equipe responsável pela avaliação de projetos.

Segundo o comandante, eles discutiram todos os pontos considerados irregulares. A intenção é corrigir os erros e reapresentar o projeto ainda nesta semana, pela última vez.

– Eles me disseram que vão passar a noite trabalhando no projeto para tentar entregar ainda nesta semana. Caso não consigam, terão que solicitar prorrogação do prazo lá na Seção de Atividades Técnicas em Florianópolis. ?

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Um terço da obra concluída

A construção do Complexo Madre Teresa se arrasta desde 2012. O Hospital Marieta informou que até maio deste ano 33% da parte estrutural do prédio foi concluída pela construtora responsável, a SulBrasil.

O atraso no envio de recursos pelo governo do Estado chegou paralisar a ampliação por alguns meses em 2013, após ter sido concluída a primeira etapa das obras (demolição do pronto-socorro e limpeza do terreno).

Em setembro daquele ano, a construção foi retomada com prazo de conclusão para o início de 2015. Porém, a nova data não foi cumprida e em dezembro do ano passado o Governo do Estado cogitou cancelar o contrato com a empreteira devido à lentidão nos trabalhos.

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O motivo seriam reflexos da Operação Lava-Jato em SC. A empresa teria sido terceirizada por outra, que prestava serviço para a Petrobras no Rio Grande do Sul e que teve o contrato suspenso – por isso estaria sem receber. Após o impasse, a SulBrasil se comprometeu em agilizar a obra e o contrato foi mantido.

Conforme a Secretaria de Desenvolvimento Regional, atualmente a obra estaria no 15º pavimento e o Estado já começou a reservar recursos para equipar o hospital. A previsão é que o complexo seja concluído em junho de 2016. O investimento é custeado pelo Governo do Estado e está orçado em R$ 57,7 milhões, somente para as obras do complexo.

De acordo com o hospital, para equipamentos, mobília e informática serão necessários outros R$ 50 milhões. Com a obra, o Hospital Marieta Konder Bornhausen passará a ter 201 novos leitos de internação, 10 leitos de UTI neonatal, 20 leitos de UTI adulto e três salas de cirurgia. Ao todo, serão 21 mil metros quadrados de área correspondentes a 15 pavimentos. ??

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CONTRAPONTO

Hospital Marieta Konder Bornhausen

Ao ser questionada sobre por que a construção teve início mesmo sem a aprovação do projeto pelos bombeiros e por que as inadequações não foram corrigidas quando houve as recusas anteriores, a direção do hospital informou, via assessoria de imprensa, que assumiu a unidade há menos de dois meses e que ainda está se inteirando dos fatos. Mas que pretende se manifestar futuramente.

SulBrasil Engenharia (empresa responsável pela obra)

O gerente de obras, Jabes Bognar, alega que o projeto da construção não é de responsabilidade da SulBrasil. _ Trata-se de um contrato entre o hospital e um grupo de projetistas _ afirma.

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Engenheiros

A reportagem de O Sol Diário ligou na tarde desta terça-feira para um dos engenheiros que trabalha no projeto, mas não conseguiu contato. ??