Vidros quebrados, fiação elétrica destruída, paredes e portas pichadas e latas de tinta, restos de comida e lixo espalhado pelas salas. A situação do novo centro de saúde do Campeche, no sul da Ilha, é de abandono. O prédio de dois andares, cuja promessa era ficar pronto há dois anos, foi invadido depois que as obras foram paralisadas pela empresa responsável em setembro do ano passado por falta de pagamento de repasses federais.
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Com parte das salas do andar superior pintadas, piso e janelas instalados, a construção pena pelo descaso. Toda a fiação em que seria instalado o sistema de ar-condicionado foi roubada e hoje o local serve de abrigo para usuários de drogas. De acordo com a coordenadora do Conselho Municipal de Saúde do Campeche, Geneci Flávia Paiva de Mesquita, cansada de esperar, a própria comunidade está levantando os custos para a continuidade da obra. Na tarde desta terça-feira, ela esteve em reunião com o secretário municipal de Saúde, Carlos Alberto Justo da Silva, quando reforçou as reivindicações.
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— Estamos fazendo um estudo de tudo que precisa ser consertado. Além disso, procuramos empresas com orçamentos mais baratos para continuar a obra. Também pedimos segurança para evitar que o prédio seja ainda mais destruído. De nada adianta limpar e pintar tudo para ser destruído logo depois — afirma.
Obras começaram em 2014
Em 2012, a prefeitura de Florianópolis recebeu da União a doação de parte do terreno da Base Aérea para a construção do novo centro de saúde. Quando o projeto foi anunciado, a previsão era que a unidade fosse entregue no primeiro semestre de 2015. Mas as obras, orçadas em cerca de R$ 997 mil, começaram apenas em 2014.
Em dezembro daquele ano, o município anunciou que o prédio de aproximadamente 740 metros quadrados abrigaria “sete consultórios, todos com mobiliário novo e equipamentos modernos”, além de farmácia, sala de imunização, sala de curativos, de acolhimento, de nebulização e de coleta. O projeto previa ainda quatro consultórios odontológicos. O atual centro de saúde, onde a população está sendo atendida, tem 240 metros quadrados e oferece atendimentos de clínica geral, odontologia, farmácia, vacinação, entre outros. As informações estão disponíveis no site da prefeitura.
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Desconforto e estrutura precária
Os usuários do atual centro de saúde do Campeche estão indignados com a espera. O aposentado Milton Aguiar, 65 anos, passa todos os dias em frente à obra do novo posto. Ele conta que toda a família usa o atendimento do centro de saúde. Morador do Campeche há 43 anos, pede melhorias na saúde pública do bairro.
— Estamos esperando esse centro de saúde que traria mais conforto pra gente que espera por atendimento. Vi a obra começar e, agora, todos os dias a vejo ser desfeita — lamenta.
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A artesã Marcia Derico, 61 anos, concorda. Para ela, além de uma nova estrutura, é preciso aumentar o número de médicos no bairro. Ontem, ela foi fazer uma consulta de retorno na qual mostrou exames feitos em setembro._ Todos os dias há uma fila pela manhã. O posto abre às 8h e 15 minutos depois já não tem senha. Precisamos de um espaço melhor, mas as condições de atendimento também precisam ser melhoradas _ aponta.

O que diz a prefeitura
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que “a obra do novo centro de saúde tem 740 metros quadrados, teve início em junho de 2014, com prazo de entrega em 240 dias. Quando a obra parou, faltava a execução de R $ 270 mil do contrato previsto.
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Havia previsão de abertura da unidade no começo do segundo semestre de 2016, mas a empreiteira contratada apresentou problemas na documentação e atrasos no cronograma de entrega, chegando a apenas 77% da obra. Faltavam acabamento e equipamentos.
A Secretaria de Saúde reuniu toda a documentação e o relatório desses problemas e encaminhou à Procuradoria do Município para análise de possíveis sanções à empresa. Projeto e orçamento estão sendo atualizados, com levantamento dos danos provocados pelo vandalismo, para abertura de novo processo de licitação”.

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