Anders Behring Breivik, julgado pela morte de 77 pessoas na Noruega em dois atentados no ano passado, afirmou nesta quinta-feira que o objetivo de seus ataques era matar todo o governo norueguês e todas pessoas que se encontravam na ilha de Utoeya, não apenas as 69 vitimadas.

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– O objetivo era matar todo mundo – afirmou o extremista de 33 anos, acrescentando que ele também pretendia capturar a ex-primeira-ministra Gro Harlem Brundtland e decapitá-la ante uma câmera para postar o vídeo na internet.

Também explicou que pretendia matar todo o governo norueguês, incluindo o primeiro-ministro, e não apenas as oito pessoas que morreram na explosão no centro de Oslo.

– O objetivo do ataque aos prédios de governo era matar todo o governo norueguês, incluindo o primeiro-ministro… e todo mundo no prédio – declarou.

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Durante o quarto dia de seu julgamento em Oslo, Breivik explicou que se preparou desde 2006 para realizar seus ataques, treinando com videogames. Segundo ele, quando tinha 27 anos, voltou a morar na casa da mãe para se isolar totalmente e jogar World of Warcraft até 17 horas por dia.

– Alguns sonham em dar a volta ao mundo num veleiro, outros sonham em jogar golfe. Eu sonhava em jogar World of Warcraft – contou o réu.

Segundo ele, não se tratava de um jogo violento, mas permitiu sua preparação mental para o massacre que desencadearia cinco anos mais tarde.

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Também confessou que jogou muito Modern Warfare, um jogo de simulação de tiros.

– Não gostava muito desse jogo, mas serviu para me treinar – comentou.

Disse que, já naquela época, sabia que posteriormente iria executar uma operação suicida, pois não pensava em sobreviver aos ataques de 22 de julho de 2011. Além disso, sabia que não queria morrer sem “ter realizado o sonho de toda uma vida”.

A ideia original, revelou, era realizar no ano passado três atentados a bomba e posteriormente o tiroteio em Utoeya.

– O plano era explodir três carros carregados de bombas seguido pelo tiroteio – detalhou.

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Pouco depois, passou a treinar num clube de tiro e conseguiu armas as quais batizou com nomes inspirados na mitologia nórdica: seu fuzil era Gugnir e sua pistola Glock Mjoelner. Também chamava seu carro de Sleipner.

– Sabemos que as armas têm nomes da mitologia norueguesa e escolhi perpetuar uma tradição – explicou.

Neste quarto dia, ao entrar no tribunal, Breivik não repetiu a saudação extremista que fez nos dias anteriores, aparentemente atendendo ao pedido de seu advogado de defesa, Geir Lippestad, para que não o fizesse.

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Nos três primeiros dias de julgamento, Breivik fez o gesto de bater no peito e levantar o braço direito com o punho fechado, que, segundo um manifesto publicado por ele na internet, significa “a força, a honra e o desafio aos tiranos marxistas da Europa”.

Na véspera, Breivik afirmou que só a pena de morte ou a absolvição são vereditos justos para seu processo, mas guardou segredo sobre seus contatos com outros extremistas nacionalistas que teriam levado à criação dos Cavaleiros Templários, a organização mística à qual afirma pertencer.

– Há apenas dois desfechos justos neste caso: a absolvição ou a pena de morte – declarou o extremista de direita.

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– Uma pena de prisão de 21 anos é patética. Não desejo (a pena de morte), mas respeitaria o veredito – disse.

– Eu aceito a morte. Eu encarei a ação de 22 de julho como uma missão suicida. Não esperava sobreviver – enfatizou.

A pena de morte não existe na Noruega.

Se for declarado penalmente responsável por “atos de terrorismo”, o extremista de direita de 33 anos pode ser condenado a 21 anos de prisão, pena que pode ser prolongada de forma indefinida se ele for considerado uma ameaça para a sociedade.

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Se, ao contrário, os cinco juízes do tribunal de Oslo o declararem irresponsável em sua sentença prevista para julho, Breivik pode ser internado num hospital psiquiátrico.