Escolhido país do ano pela revista The Economist em razão do pioneirismo em regularizar a produção e a venda de maconha e pela personalidade do presidente José Pepe Mujica, o Uruguai será, agora, o primeiro país sul-americano a receber, a pedido dos Estados Unidos, detentos da polêmica prisão em Guantánamo.
Continua depois da publicidade
– É um pedido por uma questão de direitos humanos. Mais de 120 pessoas estão presas há 13 anos. Não viram um juiz, não viram um promotor, e o presidente dos Estados Unidos quer se livrar desse problema – disse Mujica a jornalistas nesta quinta-feira.
Os detentos irão na condição de refugiados. O país deve assegurar que não deixem o território por dois anos.
– Se quiserem formar um lar e trabalhar, que fiquem. Eles vêm como refugiados, e o Uruguai os acolherá se quiserem trazer a família e outros – acrescentou.
Continua depois da publicidade
Questionado se teria pedido alguma contrapartida ao governo americano, Mujica respondeu que não costuma fazer favores de graça, mas que “dessa vez é preciso fazer isso, porque sim”.
Em comunicado, a embaixada dos EUA no Uruguai informou que o governo está “consultando vários países da região” sobre o fechamento de Guantánamo e que falou com o governo uruguaio “devido ao papel de liderança do presidente Mujica” na região. A informação já havia sido adiantada pela revista Búsqueda.
Segundo a publicação, Mujica consultou o presidente cubano Raúl Castro, que concordou em apoiar a ideia. Segundo o jornal Miami Herald, citando o comandante Richard Butler, detentos pediram para receber aulas de espanhol após a visita de uma delegação uruguaia semanas atrás.
Continua depois da publicidade
Ainda de acordo com a Búsqueda, o secretário de Estado americano, John Kerry, ligou para Mujica para agradecer e confirmar que Obama o receberá na Casa Branca antes do fim de junho.
Vergonha para os EUA
Prisão aberta após o 11 de Setembro de 2001, tornou-se símbolo dos excessos da guerra contra o terror:
– Localizada na base americana em Cuba, a prisão abriga estrangeiros investigados pelos Estados Unidos por terrorismo, porém, a maioria sequer foi formalmente acusada.
Continua depois da publicidade
– Chegou a ter 800 detentos na administração do presidente George W. Bush.
– Ao assumir em 2008, Barack Obama prometeu fechar Guantánamo, mas não conseguiu. Apenas acelerou as transferências.
– Restam ainda 154 presos. Estima-se que boa parte deles não teria provas que justifiquem a detenção ou estaria apta a ser enviada a outros países.
– Há um ano e meio, os detentos realizam greve de fome e são submetidos a alimentação forçada.
– Há dois anos, dois prisioneiros foram levados a El Salvador.